Angola tenta se erguer economicamente, mas ainda enfrenta uma enorme escassez de mão-de-obra qualificada em todos os níveis, desde profissionais técnicos a altos executivos.
Os bons ventos que sopram a favor da crescente economia angolana, impulsionada pelos compromissos da reconstrução do país tem se mostrado como um mar de oportunidades para empreendedores dos quatro cantos do mundo especialmente para brasileiros que aumentam sua presença no país a cada semana.
Além de existir oportunidades em setores onde o país concentra 50% do PIB como petróleo e extração de diamantes, há inúmeras vagas para quem atua nas áreas de tecnologia, construção civil, telecomunicações e energia. É diante desse cenário que, nos últimos três anos, tem intensificado a presença de brasileiros para trabalhar no pais, desenvolver projetos ou até mesmo abrir negócios.
Estima-se que atualmente existam cerca de 3,5 mil brasileiros em Angola. Só em 2006, o Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social concedeu 380 autorizações a profissionais ligados a construção civil que desembarcaram em Luanda. E o anúncio de investimentos de US$64 milhões pela Petrobras (petrolífera brasileira) em projetos de exploração e produção este ano em Angola deve criar vagas, agravando o problema crônico de falta de bons profissionais. “ É raro encontrar gente com formação superior”, diz Irene Azevedo sócia-diretora da Mariaca, consultoria especializada em recolocação e recrutamento de executivos. “Tanto que a Angola Telecom nos procurou em busca de executivos”.
Atraídos por salários extremamente convidativos e uma política de benefícios que só se vêm em processos de “expatriação”(transferência de executivos para o exterior) de diretores, muitos brasileiros passaram a despertar interesse por Angola, mais especialmente Luanda. A semelhança cultural e o fato de se falar a mesma língua são fatores que contribuem para esse movimento. “Como a maioria dos angolanos não domina outro idioma, a contratação de brasileiros cresceu, em média, cerca 20% e 30% ao ano”, afirma Irene.
Segundo ela, muitas posições trabalhadas pela consultoria se destinariam aos segmentos de telecom e petróleo, para vários cargos e com remuneração acima da praticada no Brasil. “Os angolanos pagam bem porque sabem dos riscos de quem aceita a proposta. Lá todo mundo se depara com falta de água, problemas de saúde pública, risco de cólera e sistema de saneamento crítico”, explica. “Por isso é necessário oferecer condições atrativas, mesmo porque o custo de vida também é caro”. Para se ter uma idéia, um analista de sistemas ganha cerca de US$ 3 mil, enquanto um gerente de projetos pode chegar a receber US$ 10 mil.
As empresas pagam casa, telefone, alimentação, seguro saúde, correio e passagem aérea para que os funcionários visitem sua família no Brasil. “Meu salário aqui é livre de custos e ganho 40% a mais do que o mercado pagaria no Brasil”, conta Alcyr Souza Barros, 46 anos, gerente financeiro da Shoptv, empresa angolana que comercializa produtos pela televisão. Há um ano e oito meses em Luanda, ele decidiu ir embora após procurar emprego e ser chamado por um headhunter. Apesar de ter tido outras propostas, preferiu o desafio de vislumbrar uma carreira no exterior.
“A guerra não permitiu a Angola apostar na formação dos profissionais. Agora, o movimento é de reconstrução e vejo aumentar rapidamente os investimentos estrangeiros no país. Minha vinda é uma experiência única de crescer com a empresa e a economia local!, diz Barros, que a cada três meses viaja para o Brasil.
Assim como ele, muitos profissionais ficam indo e vindo para renovar o visto já que o de trabalho só é concedido pelo governo angolano depois que a pessoa entra algumas vezes no país. É de realçar, que para atender esta demanda a TAAG ampliou na sua roto Luanda - Rio de Janeiro de um para três vôos semanas.
Fonte: Valor Economico
2 comentários:
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