sexta-feira, abril 25, 2008

KUANDO KUBANGO (II)

Rose é um jovem mãe. Tem 23 anos e já vai no segundo filho. Chegou a menos de um ano á Menongue, a capital do Kuando Kubango.
Os apelos são para uma vida melhor, em tempo de paz, no seu país, fez com que deixassem tudo quando conseguiram acumular no campo de refugiados de Nangwechy, do outro lado da fronteira, na Zâmbia.
Foram anos de confinamento onde, segundo diz, se fez mulher. A comunicação só é possível falando Inglês, porque os anos de convivência com zambianos de varias origens e angolanos de varias etnias colocaram o português num plano verdadeiramente secundário. Mas Rose, conseguiu apreender, para alem do Inglês mais cinco línguas tradicionais africanas.
Desde seu regresso o apoio foi sendo dado para o seu reacentamento, pois trouxe consigo a mãe já adulta, cinco irmãos menores e o seu esposo também angolano. Disse-me que o marido está nas lundas a trabalhar nos “ diamantes”. O apoio terminou e ela, agora, sobrevive vendendo carne assada e cerveja num dos maiores mercados da cidade de Menongue.
Como ela estão centenas de centenas de pessoas que decidiram voltar ao país, findo o tempo de guerra.
Á vila parou no tempo, pois os sinais de desenvolvimento são cada vez mais ténues, apesar do esforço do general- governador que administra a província do Kuando Kubango, João Baptista Tchindande mais conhecido pelo nome de guerra de “Black Power”.
A “Ex Serpa Pinto” vive ainda sem água potável canalizada, sendo o recurso a agua mineral importada da Namíbia a escolha para matar a sede. É uma situação incrível, numa zona bafejada pela sorte ao ter centenas de rios e regatos a atravessar a zona.
Não há energia eléctrica regular, e aqui, mais uma vez, a resposta é o uso ensurdecedor de geradores que “povoam”a cidade e os seus arredores.
Mas em Menongue mesmo assim vive-se, a espera de um amanhã melhor, mesmo que as promessas hoje sejam o dia a dia tal como manda o figurino pré eleitoral.
Terra dos bosquimanes ou Koisan, que correm riscos de extinção, Menongue fica longe, lá isso fica.

Candogueiros

Nos últimos dias a peculiaridade de Luanda e as suas estradas, ganha novo ímpeto. Os candongueiros azuis e branco (táxis, na sua maioria em situação irregular) aparecem pintados com escritos interessantes nos vidros traseiros…

quarta-feira, abril 23, 2008

Radios em catadupa?

A informação é interessante! Tem a chancela a delegação em Luanda da Rádio VOZ DA AMÉRICA . Pelo interesse que suscita o assunto e para interessados no estudo e acompanhamento da nossa “ fauna” jornalística, particularmente ligada a rádio, cá vai o texto, com a devida vénia:

“ Depois de ter posto no ar, há cerca de duas semanas uma estação de rádio comunitária em Viana, arredores de Luanda, a Rádio Nacional de Angola prepara-se para lançar duas novas emissoras do género na capital, soube a Voz da América de fonte boa fonte.
As novas estações de rádio, definidas como centros de produção radiofónica vão cobrir os municípios de Cacuaco e do Cazenga. Ambas serão equipadas com emissores de 1 kilowatt.

A Rádio Viana , a mais adiantada de todas, terá um programa dedicado exclusivamente ao município, ao qual foi dado o nome de Antena Viana. Irá para o ar todos os dias, das 6 às 9 da manhã.

Fonte geralmente bem informada disse à Voz da América que a abertura destas estações de rádio faz parte de um programa já em andamento que visa servir com estúdios auto-operados os municípios do país que mais cresceram.
Já foram instaladas emissoras do género no Cubal e na Ganda em Benguela, bem como em Negage, Quitexe e em Sanza Pombo na província do Uíje, assim como no Tômbwa província do Namibe?.

Fontes oficiais contactadas pela Voz da América disseram que a programação destas estações será preenchida com conteúdo essencialmente local, estando prevista entretanto a retransmissão dos principais serviços noticiosos da emissora estatal.
As fontes contactadas pela Voz da América negaram que por detrás deste processo estivesse qualquer motivação política. “ Emissores de um kilowatt não podem concorrer com emissores de 5 kilowatts?. Observam ainda que todas as rádios terão o nome ligado aos municípios onde estão instaladas. Da mesma forma como existe a rádio Viana, existira a Rádio Cubal e por ai fora. “

segunda-feira, abril 21, 2008

KUANDO KUBANGO: Longe da capital, longe de tudo!

Para chegar á Menongue, a cidade capital da província angolana do Kuando Kubango, no extremo sudeste de Angola em primeiro lugar é preciso ter uma paciência hercúlea.
Sem ela, talvez, só outras motivações possam animar um solitário peregrino como um escriba a procura de notícias, factos e acontecimentos. Mas é mesmo assim.

Tanto é assim que tudo começa no aeroporto de Luanda. Voos cancelados, remarcações, check – in moroso, passagem pelo Huambo e finalmente a chegada. Chegada as terras que já foram (?) do fim do mundo.

Um avião da TAAG sem as cores da companhia de bandeira, com uma equipa de tripulação com estagiários que mais se preocupavam com sorrisos do que com a comodidade dos clientes passageiros. Na rota Luanda – Huambo há mais passageiros do que Huambo - Kuando Kubango. É difícil olhar para as causas, mas para a “ cidade vida” vai muita gente, mas para Menongue nem tanto.

O Huambo foi encontrado molhado. Nesta época chove a cântaros e quase todos os dias e por várias horas. Nem deu para sair do avião e retemperar as energias para mais uma deslocação ao extremo sudeste de Angola. Um passo e mais um estávamos a desembarcar no Aeroporto de Menongue.

A infra-estrutura aeroportuária precisa de obras de restauro, melhoria do tapete e um maior rigor na prestação dos serviços em terra das poucas companhias que “tocam” o solo do Kubango Kubango. Sala de desembarque pobre, mas com um vistoso restaurante no edifício em cima.

Depois um “ Kupapata” ( táxi- moto, muito em voga no centro e sul de Angola) e o redescobrir de uma cidade conhecida há cerca de dois anos atrás, sempre alegre no seu viver com dificuldades difíceis de contornar especialmente para as pessoas de baixa renda. Muitos terrenos baldios, mesmo nas ruas conhecidas como principais e a ausência de novas infra estruturas dignas de uma grande nome, saltam a vista ao “solitário peregrino”.

Contactos com as autoridades, governamentais e eclesiásticas, que trazem “sinais vitais” de uma terra que insiste em ser melhor. Apodada por muito tempo de terras do fim do mundo, a realidade insiste em mostrar que continua distante de tudo, até de fortes projectos para o desenvolvimento.

Não prédios novos, os que ainda “cruzam” os céus estão todos eles marcados pela guerra, com a destruição inerente á um conflito em que a “ razão da força superou a força da razão”, como é normal nessas ocasiões.

Junto á uma explanada na rua principal, o consumo de álcool é em quantidades semi - industriais, com jovens mulheres e rapazolas ( sempre estes) entregam-se desalmadamente aos “ descendentes” de Baco! Ao lado um rio que “ rasga” a cidade, atravessado por duas pequenas pontes, mas as marcas da guerra teima em deixar em escombros habitações de dois á três pisos, destruídos.

Angola com dificuldades para conter poliomielite.

Nos dias que correm Luanda foi sobressaltada com o anúncio, pelas autoridades sanitárias, da existência de um surto de Poliomielite na capital . Trata-se da descoberta de um caso da doença diagnosticado no município da Viana, arredores de Luanda.

Tal facto representa o " sinal vermelho" para o quadro sanitário da capital e do país em geral, se considerarmos que uma criança com poliomielite pode contagiar outras 100 crianças.
Diante de tal situação as autoridades provinciais e seus parceiros mobilizaram-se novamente para uma nova cruzada ao vírus da Poliomielite, realizando as chamadas campanhas de vacinação, cujos os resultados dependem da adesão do maior numero de crianças a vacina.

Sabe-se também que ainda existem pais e mães que recusam-se a receber a estas duas gotas capazes de imunizar em definitivo a criança de hoje que é já o adulto de amanha. Cabe questionar que quota parte de responsabilidade temos como sociedade em geral na erradicação desta doença no nosso país?
Reza a história que Angola esteve muito próxima de ser considerada, uma nação livre do vírus da pólio, fruto das contínuas campanhas de vacinação a crianças menores de cinco anos em anos, tal esforço resultou no quase desaparecimento por tempo prolongado de casos desta doença, o que mereceu o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde, que 2006 se preparava para entregar a Angola o selo da erradicação da doença.
Entretanto, todo este esforço ficou gorado quando nesta mesma altura, um novo surto emergiu no pais com novos registos da doença.
Desde ai novos esforços do Governo e dos seus parceiros internacionais e as agencias das Nações Unidas: , se têm engajado nesta luta contra o vírus, que ate esta altura continua a dar mostras da sua presença, com o caso mais evidente revelado recentemente na Viana. Ate esta altura milhares e milhares de dólares têm sido empregues mobilizando meios humanos e materiais para esta monumental tarefa.

sábado, abril 19, 2008

Kianda

Luta, desencanto. Lógica da perdularidade de uma vida muitas vezes lúgubre, tal é o desencanto de um oásis, sem o ser. Linhas para Luanda, a cidade da dita Kianda ( sereia). A ponte que liga os "milhões sem nada e os poucos com milhões” frustra os de bem. Os caminhos cruzam-se, mas o destino é oposto. A bazofia de uns ( especialmente em época pré eleitoral) suplanta os sonhos da maioria (?) que sabe que se trata de “ fogo de artificio”!

sábado, abril 05, 2008

A derrocada da DNIC

O país assistiu a uma tragédia. Há uma semana as 4H30 da madrugada, desabava em Luanda o prédio onde funcionou a Direcção Nacional de Investigação Criminal, DNIC. O próprio nome, significava força e jamais uma derrocada que levou a morte oficialmente a 30 pessoas, todos detidos na altura.

Depois do desastre, a maior parte das pessoas começou a avaliar, o estado da maior parte dos edifícios de Luanda.

Dai começarem igualmente a surgir questões. Como estão os edifícios ao largo do local onde aconteceu o sinistro? Que outros prédios estão na eminência de causar problemas as autoridades e aos cidadãos?

Da voz das autoridades foram citados vários locais, como o conhecido edifício da lagoa do Kinaxixi, o prédio “treme treme”, para citar apenas dois. Certamente que as preocupações hoje são mil. Os habitantes pretendem saber do executivo que garantias têm para que estejam a vontade a viver sem sobressaltos.

Sabe-se agora que várias equipas estão formadas para acompanhar todo o processo, afim de se evitarem catástrofes como aquela que vimos há uma semana. Mas será suficiente para a garantia de segurança? Como é que estarão a ser mobilizados os engenheiros para ajudar a prevenir futuros desabamentos? O forte investimento internacional que se verifica será necessário?

O velho

O presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, admitiu para sua família e os seus assessores que perdeu a eleição mais importante dos seus 28 anos de Governo, informou ontem o jornal sul-africano “Business Day”.

Mugabe perdeu o controle do Parlamento pela primeira vez desde que o país obteve a independência de maneira oficial, em 1980, e o opositor do Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês) disse também que foi derrotado na eleição presidencial de sábado passado e deveria reconhecer a derrota.
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