sábado, junho 28, 2008

Que futuro paras os ex militares angolanos?

Á caminho das segundas eleições legislativas em Angola, olha-se para trás para se fazer, com rigor, um balanço das várias promessas feitas pelo poder. Nesta altura os vários programas dos partidos políticos perfilam-se para estabelecer, também, o que podem as suas propostas para a vida dos angolanos, caso caíam no goto dos eleitores.

Um dos dossiers que se arrasta no tempo é dos ex. militares, que constituem um grosso de milhares e milhares de homens e mulheres.
São combatentes que nos anos 60 pegaram em armas para se levantar contra o colonialismo. Homens ligados á FNLA, com o seu Exercito de Libertação Nacional de Angola – ELNA; a UNITA e as suas FALA e o MPLA com as suas FAPLA. Estes três exércitos estão oficialmente extintos, mas o ónus da sua desintegração persiste com o caminhar do país.
O esforço da normalização das instituições do Estado não pode esquecer os possíveis focos de tensão, sendo os ex- militares um das mais visíveis faceta desta equação. Para tal, segundo entendidos na matéria, é preciso garantir a verdadeira paz para todos.
Citando a famosa frase de Paulo VI “o novo nome da paz é o desenvolvimento” isto pode entender-se, também, como a necessidade de se garantir a cada cidadão o indispensável para a vida, e, para o nosso caso, não esquecer aqueles que foram os protagonistas e estiveram no centro do conflito - os militares.
A primeira grande fase de desmobilização em Angola aconteceu no limiar das eleições, quando se acordou na constituição de um exército único no país. Milhares de jovens, muitos deles retirados das escolas pelas rusgas, atingiam novamente a vida civil. Outros ex. militares depois de anos nas matas voltavam ás aldeias. Kits de desmobilização foram distribuídos e alguns programas de reinserção foram ensaiados e executados.
Quando Angola atingiu finalmente a paz em 2002, com a assinatura do memorando do Luena, o documento complementar ao protocolo de Lusaka, houve a maior desmobilização de tropas que o país, ou quiçá a região alguma vez conheceu. Foi, convenhamos, uma grande operação do estado e seus parceiros, garantir um o mínimo a cada um dos milhares de soldados que deixavam as espingardas e despiam as fardas para se vestir das cores da paz!
Mas, 6 anos depois, muito ficou por se fazer… Tanto é assim que grande parte dos ex. militares das antigas FAPLA optaram pela segurança privada e industrial.
Por seu turno, os seus companheiros da UNITA têm a sua sobrevivência na actividade comercial informal. São roboteiros ( os transportadores de carga em carros de mão em Luanda e nas principais cidades do país; são kupapatas( taxistas em motos, também nos principais centros urbanos ; são comerciantes em pequena escala ou uma miríade de coisas. Apenas alguns conseguiram enveredar por actividades mais rentáveis, tendo a sua reinserção social na verdadeira significação do termo.
Os antigos homens do gatilho ainda reclama uma reinserção condigna. Será legítima esta reclamação? O que falhou esta enorme cadeia de responsabilidades para levar dignidade á pessoas que nos vários campos de batalha defendiam as conhecidas causas que fizeram o conflito?
Sabe-se que a satisfação material, daqueles que estavam a fazer directamente a guerra, foi o modelo seguido. A reabilitação psico-emocional dos ex. homens do gatilho também não seria uma aposta, mesmo tardia, no sentido de se acabar com os traumas de guerra resultantes dos longos anos sob o troar dos canhões, as rajadas das metralhadoras e outras vicissitudes da guerra.

(MV)

O fim deste parlamento.

No dia 15 de Julho próximo cessam as actividades da actual assembleia nacional, um órgão que começou as suas actividades depois das eleições de 1992. Como se sabe, o primeiro parlamento multipartidário, nesta segunda republica em Angola, conheceu, a rigor, momentos altos (poucos) e baixos (muitos).

A tomada de posse dos deputados, principalmente do maior partido da oposição, a UNITA, depois do limiar das eleições conheceu muita polémica, pois alguns dos nomes apontados (ou talvez fosse melhor dizer indicados) como deputados estavam nas matas na então guerrilha “capitaneada” por Jonas Savimbi.
Dos muitos momentos baixos, podemos ainda assinalar, sem medo de errar que foi a discussão da nova Lei Constitucional, marcada por vários abandono da sala pela oposição.
Muitos dos deputados 16 anos depois, preparam-se para a reforma. Muitos estão doentes, outros mais talhados para os seus negócios pessoais e outros ainda preocupados com a melhor maneira de garantirem um “pé-de-meia” repleto, para uma vida longe das suculentas quantias que o poder cede (ia).
Há inclusive movimentações em algumas bancadas, como a do MPLA, por exemplo, para a renovação do seu elenco na assembleia nacional. Um elenco que deve ser renovado, segundo fontes dos camaradas, em cerca de 50 por cento. Certas vozes falam mesmo de um “ rejuvenescimento” da bancada. Espera-se também que mais-valia técnica seja lançada ao local onde os ditos “representantes” do povo possam por ele falar.
A oposição, com a UNITA a cabeça, pisca o olho a quadros independentes para configurar a futura assembleia nacional. Nestes 16 anos, pela “casa das leis” passaram na sua liderança Franca Vandunem e Roberto de Almeida.
Por outro lado, nomes sonantes como Nfulupinga Landu Victor, Lazaro Dias, Gerônimo Wanga, Alcântara Monteiro, já falecidos, são recordados como respeito pela população e por ( alguns) dos seus antigos colegas no parlamento. 16 Anos depois, será que o cidadão sente que os seus anseios foram levados a este areópago? Os populares, que votaram em 1992 principalmente no interior de Angola, por exemplo no Mungo, Lumbala Gimbo e Balombo, “sentiram” durante este tempo a presença, o calor e a atenção dos deputados?
A assembleia nacional foi marcada por debates sobre vários aspectos da vida nacional, ao protagonismo de alguns dos seus membros, o silencio de muitos, as divisões internas como nas bancadas da UNITA e PRS e muito mais. Que balanço fazer de 16 anos de trabalho da assembleia nacional?
Sabe-se que os deputados aprovaram um plano de reforma, tido em certos círculos como chorudo.
Será que, nos últimos anos, os carros, o dinheiro, as despesas pagas e outras benesses, terão mudado o comportamento dos deputados que têm a responsabilidade de nos representar na assembleia nacional?

Tirá sido uma assembleia nacional " para lamentar"?
(MV)

A imponente Sé catedral do Lubango.

Uma história de vida e de fé, na segunda "dobra" dos anos 80!

sábado, junho 07, 2008

O verde a morrer....

A Juventude Ecológica de Angola (JEA) alerta para a desflorestação de que são algumas importantes áreas da cintura verde da cidade do Lubango e da província da Huíla no geral.

A JEA na província está preocupada com a situação e revela que se está a assistir nos últimos anos um ritmo assustador de abate indiscriminado de árvores, afirma a VOA.
Segundo a JEA, uma das piores situações verifica-se no troço que liga o município - sede, Lubango, à circunscrição da Humpata a pouco mais de vinte quilómetros da capital da província.

A ocupação de terras para a construção dirigida e a luta pela sobrevivência das populações nativas na busca incessante do carvão está a fazer do troço um dos mais sacrificados no que toca à preservação da natureza.

A zona da Nossa Senhora do Monte, muito conhecida pelo seu verde e tida como o pulmão da cidade, é outro grande exemplo da anormalidade criada. Ontem área quase que proibida de se erguer edifícios, hoje tornou-se no mais cobiçado dos lugares da cidade com casas de luxo a serem construídas sobretudo por pessoas ou instituições de alta renda.

O coordenador da JEA, na Huíla, o ambientalista David Pereira, mostra-se preocupado face a desproporção entre o abate indiscriminado das árvores e as medidas de reposição das plantas.«As pessoas precisam de alargar as suas lavras, precisam de madeira para vários fins, lenha e carvão e, em contrapartida, não tem sido notório o esforço no sentido da reposição destas plantas, tem havido sim algumas campanhas mais aqui no centro da cidade em termos de plantação de algumas árvores, nas escolas, próximo de alguns hospitais, mesmo nas ruas, mas nada que se compara a uma reposição, uma reflorestação de facto.».

Considerado nos tempos idos cidade jardim de Angola, o Lubango há muito que vem perdendo esta característica, muito por culpa da acção do homem. A cidade do Lubango situa-se no Sul de Angola a pouco mais de 700 quilómetros de Luanda, a capital angolana. Fonte: http://www.apostolado-angola.org/

quinta-feira, junho 05, 2008

Sem esquecer! Uma imagem.....

A equipa em campo.... sorry, na montanha ..... agora com a entrada de A.Freitas, Novo Jornal.

O globo

Com a editora internacional de um dos maiores jornais do mundo

Brasil....

Da sua esquerda para a direita: R. Vandunem, Presbitero Lundange, Elsa Alexandre e Manuel Vieira, Rio de Janeiro - Junho 2008

FLU, FLU, FLU...AQUI!

Tal como esperava....

Esperava.... Quem marque as origens!

terça-feira, junho 03, 2008

Cartas de radio! I

A receita básica para o sucesso de uma estação local, são ataques regionais..... Tudo isso vem a propósito da ultima mensagem ( e-mail em que lamentavas a monotonia do Lubango e a exclusão ( deliberada ou não ) da nossa queria 2000 na agenda governativa, nas reportagens e acontecimentos oficiais.
Daqui da " estranja", passe o termo, podemos notar que uma rádio extremamente colada ao poder ou a espera do que o poder faz, não atinge profundamente o seu fim.
Os estrategos da arte de informar dizem que uma rádio que se quer afirmar como " imprensa alternativa" tem que dar voz a sociedade civil, sem contudo fugir a lógica governamental, mas tendo em atenção fundamentalmente a sociedade civil, o empresariado, Ongs, associações locais e igrejas etc, etc. Outra receita para o sucesso na informação local são os ataques locais.
Toda a medida tomada a nível central, tem reflexo na localidade. Lá está a sociedade civil local, mesmo muitas vezes não habituada ao confronto directo de ideias ( saudades do Com peso e medida e o direito a informação nos bons velhos tempos) tem sempre opinião. A TSF, a celebre estação Portuguesa, diz nos seus spots "VAMOS AO FIM DA RUA, VAMOS AO FIM DO MUNDO".
Uma pessoa fica mais entretida com a sua rádio quando saber que ela fala dos seus problemas e não no abstracto, Iraque, Afeganistão, Ciclone em Cuba e no Haiti, fome em Moçambique… em fim muitas das vezes a abrir o noticiário. Com a sociedade civil presente na antena, o governo fica tecnicamente para trás.
Pode-se pensar que a linha informativa é assim que dita, corporizada toda ela na máxima Horacial, segundo a qual " sabemos nós mais do mundo, do que o mundo sabe de nós". Mas olhemos para o mundo de hoje. Hoje há mais pessoas com parabólica, no Lubango já se contam as centenas. Mais gente com a Internet, mais gente a ler jornais. Será que ainda se justifica a imposição globalizante em falar mais dos outros do que de nós? E a audiência, ainda se justifica? O pior é que parece não haver alternativa.
Pense em mandar gente investigar assuntos bons, que marquem a cidade e não só: Alargamento da cidade e as alternativas para a construção, venda ilegal de terrenos pelos serviços comunitários, corrupção no ensino, desaparecimento de salários de professores, inserção polémica de enfermeiros.... ou temas mais grandes eleições e a opinião do povo ai. Estas são, quanto a mim, algumas receitas para o sucesso na nossa 2000.