segunda-feira, maio 19, 2008

Luanda, casas, preços e especulação ….

Com o alcance da paz em Angola, um dos sectores que rapidamente emergiu é o da construção civil, com condomínios e outros espaços de moradia a crescerem como cogumelos.

Os preços custam os olhos da cara, mas a adesão de alguns abastados é notória. O papel dos bancos com os seus programas de credito á habituação, também terem sido um dos recursos dos cidadãos na procura de melhores condições de habitabilidade.

Serão os critérios dos bancos suficientemente abertos perante a necessidade diária de boa parte da população. Créditos bonificados podem ser uma saida?
Milhões e milhões de dólares e Kwanzas têm sido injectados para levar melhores casas a quem tem o bolso mais ou menos folgado. Surgiram projectos habitacionais, mas a necessidade continua. Ergueram-se Viana II, Luanda Sul, Zango, Vila Verde, Panguila, condomínios em Tatalona, Viana e muito mais; contudo a necessidade continua.

Os planos de reconstrução nacional, volta e meia, acompanham os passos para se erguerem mais algumas casas para alguns cidadãos, onde a distribuição das mesmas observa critérios que muitas vezes são de desconhecidos. O presidente do MPLA, recentemente, garantiu “um milhão de casas até 2012”, sendo a juventude é a prioridade de mais esta proposta á sociedade.

Coincidência ou não, antes um musico Irlandês, bastante conhecido em todo o mundo, Bob Gedolf, disse que “as casas mais caras do mundo estão localizadas na costa de Luanda”, apontado o dedo á ilha, ao mussulo ou mesmo ao Benfica, onde grandiosas moradias estão a ser erguidas.

É mais de do que um lugar comum dizer que “ Quem casa, quer casa”. Para muitos, recém casados, o recuso é viver em casa dos pais. Para outros a boa vontade de outras pessoas em ceder um albergue, são as formas de viver nos dias de hoje.

Outros ainda recorrem ao arrendamento, uma galinha dos ovos de ouro para grande parte dos senhorios de Angola. Vezes há em que os preços pouco convidativos são aliados a um débil saneamento básico, profundas degradação das casas e muito mais.
Como é que um jovem com um salário médio pode adquirir o dinheiro para uma casa? Contas feitas, o mercado imobiliário bastante inflacionado é muito rentável.

Casas há que custam mais de 5 milhões de dólares.
Com a construção de grandes edifícios não estaremos a “mussequizar” Luanda, como disse um notável escritor Angola?

sábado, maio 17, 2008

O ambiente de todos nós

Todos os dias, engenheiros, ambientalistas, economistas, políticos, cientistas e outros homens do saber, preocupam-se cada vez mais com questões ligadas ao ambiente.
A sua preservação é hoje uma bandeira de várias nações que se vêm confrontadas com calamidades e outros “avisos” da natureza.
Na maior parte dos países que atingiram altos índices de desenvolvimento, a movimentação em torno das questões ambientais é grande. Desde 1992, aquando da realização da ECO, no Rio de Janeiro, Brasil estas questões ganharam maior notoriedade.
Em 1992, no Rio de Janeiro, representantes de quase todos os países do mundo reuniram-se para decidir que medidas tomar para conseguir diminuir a degradação ambiental e preservar o legado das gerações vindouras.
Nesse encontro em que estiveram presentes várias individualidades, havia a intenção de introduzir a idéia do desenvolvimento sustentável, um modelo de crescimento económico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. A Carta da Terra, documento oficial da ECO-92, elaborou as convenções sobre Biodiversidade, Desertificação e Mudanças Climáticas, uma declaração de princípios e a Agenda 21.
Dos 175 países signatários da Agenda 21, 168 confirmaram a sua posição de respeitar a Convenção sobre Biodiversidade. É bem sabido que Angola se fez representar ao mais alto nível.
Passados 14 anos desde a realização dessa cimeira e posteriormente uma iniciativa idêntica teve lugar na África do Sul, o que é que tem sido feito em Angola, não só pela preservação ambiental, como para a realização de estudos de impacto Ambiental quando são realizadas obras que alterem as condições e características do ambiente local?
Actualmente, sendo o país um canteiro de Obras, que medidas têm sido tomadas para que não se danifique o meio ambiente? Há grandes obras em curso e perspectivam-se outras que podem induzir a algumas alterações das condições de solo e do micro-clima das áreas onde elas poderão ser implantadas. Não se conhecem que estudos de impacto ambiental foram feitos de forma a prevenir ou a precaver-se de possíveis malefícios que possam afectar esta ou as próximas gerações.
E então vale a pena colocar estas duas questões: Será que por cá, entre nós sobrepõem-se as decisões políticas sobre decisões técnicas? Se estes estudos são feitos quem os conhece e avalia para que se considerem como sendo respeitados?

Maravilha!

sexta-feira, maio 16, 2008

Dois poemas de José Luís Mendonça*

Rosas brancas de porcelana
Para esta construção bastam os mares de olvido concentrados no coração azul dos peixes.
Nas tuas mãos começam os alicerces de um cantar antigo remoinho de prazeres.
É só sentires um formigueiro pela coluna acima e os sete sóis de Júpiter te iluminam.
Logo em teu cordão umbilical enrolarei a fina platina de um nome subscrito a cal de rosas brancas de porcelana.
Mas é no teu olhar que se definem os contornos de quem não somos como se o vinho dos lagares fermentado no teu sangue não me levasse até ao fim do poema.
Um vestígio de luar
Quantas vezes o céu azul com as suas mãos cheias de nuvens brancas deita de lado uma mulher sobre o rio kwanza na púrpura florescência da carne.
Todo o céu assim deixa terreno à impaciência dos dedos à investigação das mandíbulas ao cheiro ocre das rosas de porcelana que degeneram nas margens húmidas.
Palavra puxa palavra de mesa em mesa se escuta um vestígio de luar deixar a porta aberta ao couro sanguíneo das pontes.
* Do livro “Um Voo de Borboleta no Mecanismo Inerte do Tempo”, poemas cedidos pelo autor

A IGREJA E AS PROXIMAS ELEIÇÕES

A igreja desde os seus primórdios acompanha os, grandes e pequenos, desafios da sociedade onde está profundamente inserida.
A Igreja não é uma organização, mas um organismo. Não é uma mera instituição mas uma unidade viva.
Sabe-se que a igreja no seu todo tem tido uma missão importante na restauração das ideias de irmadande, depois de anos a fio sob a óptica da guerra, a reconciliação nacional e uma clara contribuição no auxílio ás autoridades na educação, saúde e assistência social.
Assim, um dos desafios, para a igreja e os milhares de fiéis é a participação activa nas próximas eleições legislativas – em Setembro e nas presidenciais no próximo ano.
É reconhecidamente importante o papel que vem sendo desempenhado pelas diversas confissões religiosas na sensibilização dos fiéis para participarem em consciência nas eleições, em concórdia, no respeito pela diferença.
Mas será que este papel da igreja é suficientemente bem entendido por toda a sociedade? Ainda vale a tese segundo a qual “ padres no púlpito e políticos na politica?”
Certas correntes nos últimos dias têm defendido uma certa abstenção dos fiéis nas eleições. Que fundamentos doutrinais ou teológicos justificam a não ida as urnas por parte dos fies? A igreja católica, por exemplo tem feito apelos á que os cristãos sejam acima de tudo bons cidadãos.
Na última mensagem pastoral os bispos da CEAST escreviam que “ Uma autêntica democracia é fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos: a dignidade da pessoa humana, o respeito dos direitos do homem, a assunção do “bem comum” como fim e critério regulador da vida política.”
Os prelados diziam ainda que “ Para votar de forma consciente e responsável, os cidadãos eleitores têm o direito de conhecer as pessoas e, sobretudo os programas de governação dos partidos que se candidatam às eleições. Daí o apelo aos partidos políticos para a necessidade da sua apresentação, feita com tempo, quer através dos meios de comunicação social, quer através de outros mecanismos previsto na Lei”.
Depois desta exposição é importante saber que papel pode exercer a igreja nas próximas eleições?
Foto:Sé catedral do Luena, foto daqui lestedeangola.weblog.com.pt

Cadeias de Angola: Caldeirões em ebulição?

Em Angola, como em qualquer outra parte do mundo, milhares de pessoas estão privadas de liberdade devido aos mais variados conflitos com a lei ou mesmo por varias injustiças sociais.
Muitos vão parar a cadeia por crimes violentos, outros por corrupção, roubos, agressões e muito mais. Outros seguem para as masmorras devido a alegados conflitos com pessoas visivelmente mais poderosas.
Mas, devido ao grande número de reclusos nas cadeias de Angola, questiona-se com frequência as condições em que vivem estas pessoas.
O “caldeirão” em que se transformaram algumas cadeias parece ter muito sentindo quando no ano passado uma revolta na cadeia central de Luanda resultou na admissão das autoridades que a superlotação era um grande problema.
Muito foi dito, mas ainda pouco é visível no entender de algumas pessoas entendidas na matéria. Segundo se sabe grande fala alimentação, apoio sanitário e muito mais.
Recentemente foi o tumulto na cadeia de Viana, com um morto e mais de dez feridos.
O grande problema, segundo tais pessoas, passa por mais investimento no sector, nomeadamente a melhoria da acomodação dos reclusos angolanos. Na cadeia de Viana, por exemplo, centenas de pessoas vivem a seis meses sem trocar de roupa.
A diversão é nula e a tuberculose toma conta de alguns, segundo denúncias de alguns reclusos.
Como mudar este cenário? Não estaremos perante uma clara violação dos direitos humanos? Que soluções ao problema? Com estas dificuldades nas cadeias, será que alguns reclusos não saem mais revoltados do que reabilitados, depois de estarem em conflito com a lei?
Na certeza que teremos a oportunidade de lançar luz sobre um tema da mais alta importância.

De mim "Coruja" para ti, com muito amor *

Quis ver o sol chegar e o comboio partir
sentir o calor da noite e o frio da brisa
olhar a onda bater e as estrelas no céu
ser o primeiro a chegar para nunca partir
Quis ver a lua brilhar e a terra molhar
a flor renascer a arvore a crescer
o rio correr a pedra a rolar
a água brotar para nunca faltar
Quis ter essa seiva do caule frondoso
ser vida ser morte
ser canto ser sorte
ser essa certeza de vento batendo
quis ser a saudade
do adeus não dizendo
Quis ser primavera no rosto sofrido
ser pena ser escrita na voz do cantor
ser mão de artista tocando piano
ser só partitura na nova escritura
Ter um segredinho com deus menininho
ser pura
ser santa no olhar do pecado
ser lágrima corrida no rosto cansado
ou um desabafo no rosto molhado
No tempo me envolve
na noite me calo
do sonho me afasto
da vida me aparto
Quis ser um rastreio de homem mendigo
sou forte, sou nada
por isso nem brigo
* Autoria identificada

Comunicação social: quo vadis!

A comunicação social angolana está sem dúvidas a dar passos importantes na afirmação da democracia.
Hoje mesmo os mais cépticos aceitam que foi graças aos média, públicos ou privados, de modo particular estes últimos, que houve grandes passos em direcção à implantação do sistema democrático, mesmo se hoje ainda não é satisfatório.
Apesar de tudo, muitas pessoas não evoluíram com a comunicação social. Deixaram de entender as aspirações do povo, que procura cada vez mais ser informado, na certeza de que daí advém o seu desenvolvimento. Hoje a informação pode considerar-se a chave do progresso dos povos.
Muitos esqueceram-se que anteriormente, a maior parte dos angolanos buscava rádios internacionais para estar informada e hoje, os meios existentes no país, pelo menos em Luanda, estão a satisfazer esta necessidade, levando inclusive as grandes estações de rádio a uma redução do seu pessoal na secção em Português.
Para muitos a quantidade e diversidade de órgãos de comunicação social ainda não é satisfatória em todo o país. Há angolanos que ainda não beneficiam deste bem comum – que não têm a possibilidade de escutar, ler ou ver qualquer informação angolana e muito menos de escolher o canal de sua preferência.
A capital Luanda concentra a maior fatia do bolo, fruto de situações como o atraso na discussão da regulamentação da nova lei de imprensa.
(JP)