quinta-feira, setembro 28, 2006

CHIPINDO: Na frente de guerra ( 2)

Na visão estratégica da altura a tomada de assalto deste município era um ponto muito importante. Chipindo, no estremo leste da Huila dá acesso rápido ao Kuando Kubango, ao Huambo e a ao Bié. É um dos três municípios que constituíam o chamado “ corredor do leste”, um conjunto de três municipalidades que facilitavam ampliar o esforço de guerra tanto para sul, como para a planaltica zona central do país. Com Chicomba, Jamba Mineira, Chipindo é composto de carreiros, picadas em planícies e outras zonas que facilitam a vida de uma guerrilha. Estes são pontos trazidos a lume numa serie de reportagens, que acompanhei pela net, do jornalista de guerra Stefan Smith escrevendo na altura para um jornal Português. E neste dia do longínquo ano de 2001, testemunhava, eu próprio, as imagens idílicas na altura trazidas ao publico por este experimentando escriba que descrevia minuciosamente tudo o que observava na região, com a diferença de que via as coisas do lado dos guerrilheiros. Chipindo era, pois, a sombra de si mesmo. Ao sobrevoar a vila naquela manhã, pudemos observar rios e regatos, bem como, a destruição das pequenas infra estruturas que o colono deixou no terreno. Até as portas foram arrancadas para aquecer as fogueiras dos soldados! Com o escurecer um cenário fantasmagórico tomava conta da zona. O capim fazia parte do cenário. A mendicidade também. Do poente avistamos os gigantes do ar de regresso. Os últimos minutos nesta “frente de guerra” serviram para memorizar todo um cenário! O regresso ao Lubango estava previsto para as 17, mas a viagem de volta a cidade só aconteceu as 18 horas. Os 500 kms foram feitos em cerca de uma hora. Os helicópteros iam cheios. Á comitiva inicial foi acrescentada mais um grupo de crianças. Os petizes iriam para um centro de acolhimento. Parentes de oficiais também seguiam e claro o resto dos dois bois semi – gordos que serviram para o nosso almoço serviriam para outros no Lubango, qual espólio de uma guerra que ( ainda) não tinha data para ser sucedida pela paz. Manuel Vieira

Um comentário:

Anônimo disse...

A guerra foi uma má sina dos angolanos. Felizmente é coisa do passado. Vamos esperar que esta paz seja de facto eterna. Mas julgo agora, 4 anos depois do alcance da paz, haver de todo o modo a possibiidade das pessoas referirem em memorias os acontecimentos da guerra, com o fazes em pequenos, mas importantes artigos. Bem haja.

Armindo Pereira
Jornalista