Folheando mais um obra do nosso " Camões", Artur Pestana, reavivei por momentos o meu primeiro encontro com o homem das letras. Foi numa terça feira, no inicio do ano. Depois dos contactos preliminares lá fomos ( com o companheiro João) ao encontro de Pepetela. Proposemos uma hora de entrevista para o programa " discurso directo" da catolica.
Dez horas e lá estavamos nós no portão de uma vivenda no Miramar, um dos mais "chiques" bairros da capital, onde de uma só sentada encontram-se embaixadas, sedes de empresas de monta e até a nova casa do " boss cá do sitio"! Uma jovem veio ter com os escribas e segundos depois estavam no interior da moradia. A humildade do sociologo, convertido em celebre escritor foi a primeira nota que me passou pelos olhos. Começamos por falar de tudo um pouco, mas depois o fio condutor da entrevista foi reafirmado, recomposto.Falamos do " Predadores", o livro que devia sair na epoca.
Ficamos a saber que Pepetela é quase alergico a entrevistas. Ficamos a saber, também, que o livro seria um " retracto mordaz" da realidade conteporanea, passeando pelos mais variados assuntos da vida nacional tendo na trama um "trambiqueiro politico", um prototipo dos vorazes dos dias de hoje.
Uma entrevista memoravel para alguem , como eu, que passei o fim da infancia e boa parte da adolescencia viagando nas "letras esculpidas" em obras como " As aventuras de Ngunga", " LUeji" ou " Maiombe". Pude satisfazer curiosidades e perguntar o que quis.
O homem discorreu sobre a politica e o seu desecanto, o 27 de Maio, o poder popular, os jornalistas, os escritores e o mundo de hoje, o vinho, a minha Huila, o gado, o conflito de terras e por aí alem.... A entrevista seria feita em uma hora, mas ficamos mais tempo. Parece que o professor Pepetela chegou mesmo a faltar em algumas aulas que devia dar! Ao sair do local fiquei com a posiçao reafirmada de que estava, realmente, ao lado de um dos mais importantes " criadores de emoções" literárias deste país.
Manuel Vieira
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