Teta Lagrimas, um dos músicos angolanos com um carreira incólume e solida, veio á terreiro, nos últimos dias, denunciar o que praticamente já não passava na cabeça do grande publico: CENSURA.
Teta, reclamava como que com lagrimas a escorrem pelo seu rosto, a existência de censura musical no país, ainda que encapotada. Censura, dizia ele na radio pública e na generalidade do seu gigantesco grupo.
Em causa, segundo o musico, está apenas uma faixa do seu ultimo disco. A obra tem o interessante titulo GENUINAMENTE, marcando o seu regresso a ribalta.
A canção da alegada censura é genuína, actual e mais uma daquelas criticas sociais em falta no pais, para a reflexão profunda sobre o que queremos da Angola do futuro com a exclusão social, o enriquecimento ilícito, a voracidade de alguns e o sofrimento da grande maioria das pessoas que hoje vegetam nos arredores das grandes cidades. Sem oportunidades. Com a miséria a servir de companheira fiel nos dias negros por que passam. Alguém diria isto é Angola....
Mas, Teta, diz mais. É profundamente incisivo neste trecho censurado. Na musica “Quero ser político” ele é lapidar. Começa com a historia de mais um deserdado, um “ demolido”. Não só a sua habitação é lançada para o chão pelo martelo demolidor, mas também as esperanças de ser alguém caem por terra.
O homem tenta de tudo por voltar a ser alguém. As oportunidades lhe são fechadas. Ele se questiona “ trabalho, por que te quero!”
Vira marginal, mas a policia corta-lhe os passos. Sobrevive de coisas arrojadas, mas o caminho é “ movediço” demais para ele. E por fim, fica a triste constatação de que “ esta não é a independência que sonhou”. No fundo mais uma constatação de um antigo combatente de uma geração que acreditou na utopia de igualdade social, sem exclusão e sem o roubo descarado do que é publico, depois da conquista da liberdade facilitada pela fuga dos colonialistas Lusos.
Vendo as portas da vida fechadas, o homem da musica, genialmente retractado no semba de Teta, tem apenas um sonho, legitimo. A solução, encontrada no calor da desilusão, é ser político. Afinal, diz ele, ser político é que está a bater. “ Os políticos têm de tudo um pouco. até exibem o que conseguiram”, diz o musico, para completar que muitas vezes recorrendo as mais capciosas praticas.
Estas são algumas das lagrimas de Teta. Lagrimas censuradas, mas, no reverso da moeda, publicitadas, porque agora, qual fruto proibido, mais gente procura ouvir o semba da geração da utopia e claro dos políticos.
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