terça-feira, dezembro 02, 2008

Matala e o futuro da Huíla (I)

Um dos catorze municípios da Huíla, a Matala, conhece nos últimos dias movimentações descritas como fazendo parte dos planos do governo central e provincial para fazer da zona um “pólo de desenvolvimento”, um dos únicos na região sul do país.

A Matala ganha vantagem perante outros municípios da província e mesmo da região devido a factores estratégicos que começaram a ser reunidos desde o tempo colonial, alguns dos quais relançados na segunda metade da década de noventa, depois de anos de abandono devido a guerra nas cercanias.
Eis alguns dos pontos que lançam Matala numa posição de vantagem:
- Numa foi ocupada pela guerrilha, tendo inclusive servido de posto avançado do comando da Região sul das Forças Armadas Angolanas. Ai estava colocado do COP – Huíla, o comando operacional, tendo uma base logística própria com estruturas, transportes, pessoal e linha de orientação;

- Possui um dos melhores aeródromos no interior da região (Namibe, Huíla, Cunene e Kuando Kubango – aqui perdendo apelas para Mavinga, Cuito Cuanavale e Jamba;
- Tem um clima propício a produção de varias especiais agrícolas, com destaque para cereais e citrinos. Teve durante muitos anos uma indústria transformadora de tomate para conservas deste produto. Zonas como Capelongo e “ Castanheira de Pêra” continuam a ser importantes áreas de produção agrícola.

- Possui um dos maiores e mais cobiçados (por fazendeiros com conexões do poder) caudais de irrigação de Angola (vários kms);

- Possui a estratégica barragem da “ Matala” que fornece energia a Huíla e Namibe, apesar de nos últimos tempos ser irregular o abastecimento. A sua estrutura de apoio incluiu expatriados de varias origem, com destaque para brasileiros, russos e portugueses, animando a economia local. Muitos dos expatriados vivem na zona anos a fio sem se deslocarem para as suas zonas de origem;

- Foi criada a cerca de 4 anos uma estrutura orgânica própria para a gestão do município, em paralelo a própria frágil administração municipal. A SODEMAT (Sociedade de Desenvolvimento da Matala) teve como gestor Sabino Ferraz, um economista que já foi assessor do presidente da república. Terá sido por sua sugestão que em 2001, no auge do conflito armando em Angola, o chefe de estado reunião o conselho de ministros na Matala, naquilo que se chamou na de “Presidência Aberta”. Foi uma das raras vezes que o conselho de ministro se reuniu fora de Luanda.

- A gestão da SODIMAT está agora entregue, parcialmente, á um engenheiro agrónomo huilano, Luís Arsénio Salvaterra dos Santos, que durante vários anos ocupou o cargo de director da agricultura e desenvolvimento rural, nos consulados de Dumilde Rangel, Kundi Pahama e Ramos da Cruz, que deixou a Huíla depois das eleições para ocupar o cargo de deputado pelo MPLA. Salvaterra é o actual presidente da Sociedade de Desenvolvimento da Matala.
Numa pouco comum conferência de imprensa, foi apresentado recentemente na Matala o programa de desenvolvimento para o quadriénio 2009/2013. Salta á vista a promessa de fazer da Matala um centro de produção regional e evitar, assim, paulatinamente a importação de produtos alimentares.

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