
Isolamento, distante do mundo são as duas primeiras impressões que saltam a vista de quem chega ao Luena, capital do Moxico, ido de Luanda, a cidade frenética.
Do aeroporto para o centro da cidade a imagem de uma zona remota, parada no tempo, parece assaltar a mente do visitante. Aqui e ali algum movimento, mas longe de conformar uma cidade com vida. Nota-se também que há poucos milhares de habitantes na parte urbana do Luena. Ganhou este nome em homenagem a um rio que passa junto a cidade, a oriente. As suas enchentes nesta época de chuvas e o seu caudal capaz de arrastar consigo muita coisa infundem algum respeito aos populares. Nesta época são poucas as pessoas que arriscam um banho bem tomado ou a lavagem de roupa em zonas distantes, a não ser e pequenos grupos, como de resto acontece com frequência nos arrabalde desta Angola profunda. Luena só assim é chamada a coisa de 30 anos. Perdeu o seu anterior nome ( Luso) no fervor revolucionário, onde tudo foi nacionalizado, incluindo nomes.
O visitante confronta-se com ruas bem demarcadas. Um desenho arquitectónico que orgulha o Remígio Kahilo, 53 anos, feito “cicerone momentâneo” no que a zonas turísticas e sociedade civil dizem respeito. Este funcionário publico não se coíbe em dizer que muito devia ser feito para a melhoria da vida da cidade. “ Não se admite que nem uma empresa privada e nem os serviços comunitários limpem a cidade” atira o homem de meia idade não se importando com as alegações de que os governantes não gostarem de criticas directas. E foi o que observamos. Junto ao antigo Hotel Luso, hoje Luena, montes de lixo são visíveis não se vislumbrando sinais para a sua recolha. Apesar dos vários rios que rasgam as matas da zona leste de Angola não há agua potável no Luena.
A primeira pergunta que assalta o visitante é saber então o que faz a direcção província de aguas? A energia eléctrica sofre duras restrições, onde só pequena zona urbana é abastecida das 16 ás 23 horas. Vezes há em que os arredores da capital provincial também conhece o acender das lâmpadas.
A situação económica é difícil, os preços custam os olhos da cara. Não se vislumbram grandes obras de impacto social, com excepção de alguns jardins vedados para reparações paliativas. O nosso “cicerone momentâneo” alertou para um jardim que foi reinaugurado antes mesmo das obras terem conhecido o seu fim alegadamente porque alguém precisava de inaugurar algo. O Moxico é uma das províncias com maior falta de informação. Poucos são os jornais que chegam ao Luena, com excepção do Jornal de Angola que também sofre algumas limitações na sua distribuição.
A Emissora provincial da RNA está encerrada a quatro meses, pasme-se, para obras! Jornalistas locais dizem que pela lentidão dos trabalhos só lá para Agosto a voz local será ouvida. Neste momento a informação é monocórdica. De Luanda tudo se diz, no Luena tudo se ouve e o povo bate palmas.....