Enxurradas! Chuvas torrenciais sobre Luanda são algo que certamente
marcará
os factos noticiosos de 2007.
A desgraça que acarreta esta precipitação é tão visível quanto a nova
morada
da senhora Esperança, dona de uma boa casa( construção definitiva) hoje
hospedeira de uma das tendas no bairro . A sua família trocou
involuntariamente o conforto das paredes com a bravura da corrente de
ar da
residência ao ar livre.
Esperança, desta virtude só lhe sobra o nome porque não tem optimismo
que a
situação esteja ultrapassada…” Se uma chuva forte cair, pode ser que a
tenda
nos destrua a nós ao invés das nossas coisas, como aconteceu nas nossas
casas, pensou Esperança… Enquanto não Chove, Esperança debulha o terço
para
que desta vez chova só “Cochito” rogando que o penúltimo abrigo (tenda)
seja
guardado da fúria de S. Pedro.
No bairro de Esperança ficaram as Senhoras Maria e Kassenda , vizinhas
de
Esperança, aquelas experimentam o desespero de lutar contra a teimosia
da
água, esta entra nas suas casas a partir do chão e integra o agregado
familiar. As senhoras Maria e Cassenda preferem a Instabilidade da
Inundação, porque sobram paredes, as camas permanecem intactas por cima
de
muitos blocos, a noite a tábuas e blocos no chão dos quintais
enfileiraram-se e dão passagem às residências onde descansam os corpos.
Se
chove! Juntam-se as crianças e dirigem-se aos antepassados para que
intercedam por eles. Que Deus não os castigue mais. A criança mais nova
interrompe a oração e questiona..” Assim vamos aonde?” Não vamos a
lugar
nenhum responde dona Cassenda, somos muitos e as casas estão caras
continua
a senhora Cassenda, Nas tendas também não vou. Há cinco anos também
houve
cheias deram tendas e por este critério distribuíram terrenos, só que o
administrador recebeu o nosso terreno.“.. Vamo ficar memo aqui”…
Tanto na Tenda onde está a dona Esperança, como no bairro alagado onde
estão
as senhoras Maria e Cassenda a expectativa é a mesma, que acabem as
enxurradas e volte a vida normal.
É Verdade que a força da natureza é incontrolável, também é verdade que
as
catástrofes naturais acontecem, mas no caso destas famílias, das
senhoras,
Esperança, Maria e Cassenda os estragos do fenómeno el ninho seriam
minimizados se fossem concebidos esgotos no seu bairro para o
escoamento das
águas. Tudo que aconteceu foi que a agua não encontrou lugar para
escoar e
integrou o agregado familiar. As residências das senhoras permanecem na
antiga lagoa. Hoje quase com o estatuto de rio pela dimensão que
abrange.
Um melhor saneamento para os bairros precisa-se.
Porque minimizar os danos das chuvas com mortes contadas quando se pode
prevenir os acidentes em áreas de risco?
Porque não apostamos na auto - construção dirigida. Onde estão os
planos
urbanísticos para permitirem uma melhor orientação de construção na
periferia de Luanda.
Ainda penso que, se as entidades de Direito tivessem impedido a
Construção
de residências naquele local teriam permitido a procura de lugares mais
seguros e as três famílias não teriam custos por causa das chuvas da
desgraça. Por Márcia Nigiolela ( jornalista da RE)
A CHUVA, A AGRICULTURA E O CONDUTO
Há 2 dias
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