Entrevista concedida ao Jornal O País, edição nº 9, do dia 9 de Janeiro, com condução de Dani Costa editor de Sociedade. A entrevista está na pagina 36, rubrica " Esperança".
1- Como é que entrou no mundo do jornalismo?
2- Foi influenciado por alguém para fazer rádio ou sentiu que tinha inclinação para isso?
3-Ainda se lembra do primeiro dia que entraste num estúdio? Como é que foi ou lembra-se do primeiro trabalho que fez?
Foi em Agosto de 1995, uma entrevista sobre o meu bairro. Dirigiam os meus velhos amigos e companheiros, Machel da Rocha e João Carlos. Os joelhos tocavam-se. Tremia que nem vara verde. Hoje me recordo com gargalhadas e senti que poderia ser alguém neste importante mundo da comunicação social. Aquele dia lançou a minha vida para outras caminhadas.
4-O que é que a rádio representa para si?
È o mais importante meio de comunicação social em Angola. Fala para as comunidades. Alerta, denuncia, forma e informa. Cá por nós (Ecclesia) lamentamos a falta da extensão do sinal. Eu, na qualidade de profissional de rádio, lamento a falta de estações comunitárias para serem mais próximas das comunidades, rádios que de facto poderiam cumprir um profundo papel junto da camada de base da nossa sociedade. Mas ressalvo que Angola para lá caminha. A minha vivência em Moçambique trouxe a profunda compreensão sobre o papel de uma rádio comunitária há hoje mais de noventa. Os grandes meios, para alem da importância que têm, são de alguma maneira selectivos na abordagem dos assuntos, pelos grupos alvos que têm que atingir. Volta e meia, esquecem as pessoas que vivem na esquina. Daí que gostos de dizer que devemos ser jornalistas da esquina mais próxima aos confins da notícia, 24 horas por dia.
5-A transferência para Luanda foi pacífica ou nem tanto? Como é que se efectuou?
6- És um dos poucos seniores que entraram na sua época que ainda se mantém na emissora Católica de Angola. Qual é o segredo num ambiente de forte sedução, como tem ocorrido regularmente?
7- A negação está associada a um bom salário ou outras condições oferecidas pela direcção da Rádio? Ou a ideologia da rádio?
8- Como é que avalia o desempenho dos anteriores colegas que passaram para os órgãos públicos fundamentalmente? Alguém o tem marcado em particular?
9-Qual é a mais-valia da Rádio Ecclésia para os trabalhadores e para o público?
A verdade. A frontalidade. A forma de fazer jornalismo olhando apenas para o interesse publico.
10-Como encara a relação da rádio com os vários partidos?
11- Nunca se sentiu pressionado pelos líderes da Igreja Católica no tratamento de um determinado assunto jornalístico?
Estar a frente de um departamento importante num órgão de comunicação levanta sempre questões dessas. Mas pergunto, o que é uma pressão? È dizer para tratar assim um assunto ou doutra maneira? Há muita subjectividade nestas perguntas e nas respostas.
O diálogo marca a nossa casa. As eventuais incompreensões são resolvidas com o diálogo devido a sensibilidade de um jornalismo actuante nos dias de hoje. Ser jornalista é sentir o que pensam todas as sensibilidades nacionais.
2 comentários:
Parabéns, meu Caro.
Quem merece... merece. Fico feliz. Faço votos, embora no teu caso saiba que é uma certeza, que continues a pôr a força da razão acima da razão da força.
Kandandu
Olá, Vieira, embora não tenha (de facto) chegado a ser quadro da Ecclesia, nutro por ela ligação metafísica. Fui 1 dos 4 redactors/ reporters/editors/noticiaristas seleccionados na altura para arrancar com o projecto em Benguela (2004). E hoje olho com empatia para as teias de aranha no edifício junto ao bispado...
Já agora, e mesmo q pareça pouco urbano, prmita-me pdir que simplesmente não permita que o clarão da ascenção lhe dê comodismo. Vá sempre em frente, com o mesmo afinco, tudo o resto será lucro. Lubango é também o meu terceiro amor, depois de Benguela e Namibe, claro. Sala po ciwa!
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