segunda-feira, janeiro 19, 2009

IMPRENSA REGIONAL E LOCAL EM ANGOLA (I)

O AGORA, semanário de grande informação, completou, com alguma pompa e muita circunstância, neste fim-de-semana, o seu décimo segundo aniversario.
Fruto da “ teimosia” de alguns escribas cá da praça, que optaram por romper as barreiras do formalismo dos tempos que se seguiram a tímida abertura democrática no última década, 11 jornalistas decidiram dar corpo á um dos mais projectos jornalísticos privados de Angola.

Com o propósito de falar sobre a data e o rumo do nosso jornalismo convidei o Aguiar dos Santos para o espaço de grande entrevista no programa “ Discurso Directo” da Ecclesia. Foi directo como sempre, tendo falado do passado e do presente, mas também do futuro. Aguiar dos Santos disse “ enquanto for director do Agora, o jornal não vai desaparecer”, numa clara alusão ao surgimento de projectos jornalísticos aparentemente mais “ folgados” financeiramente e mais aptos a captarem para si a já rara fauna jornalística com “J” maiúsculo.
Mas a reflexão sobre a imprensa regional e local é a que mais chama a atenção. Ana Faria, jurista, foi convidada a falar sobre o assunto.
Em zonas remotas de Angola não há um jornal local, uma rádio regional (fora da alçada do poder) ou um mecanismo para a distribuição de jornais ou revistas que se imprimem em Luanda. Está tudo concentrado em Luanda.
Se no passado a Huíla e Benguela tinham experiências neste capítulo, as coisas parecem hoje mal paradas. O jornal “ Kessongo” de Benguela tem dificuldades de sobrevivência. O “Chela Press” tem hoje uma tiragem aquém das expectativas.
O Cruzeiro do Sul, que tinha redacções espalhadas pela Huíla, Huambo, Cunene e Menongue, encontra dificuldades para se manter fora da capital. O jornal huilano “ Omukanda” desapareceu de circulação no Lubango, quando os seus redactores emigraram para Luanda ou perderam a vida. O Lubango ficou sem uma publicação local e que fale das gentes locais.
Hoje apenas se vive de pequenos boletins, geralmente, ligados a igreja católica ou a organizações não governamentais.
Quanto as rádios á situação são pior. Faltam rádios comunitárias, estações privadas no verdadeiro sentido da palavra ou uma rádio que por exemplo localizada no Lubango emita também para o Namibe, o Cunene ou o quanto Kuando Kubango, aquilo a que chamamos de “ estação de rádio regional”, com o auxílio de repetidores em FM. Uma rádio dessas teria uma grande influência na vida das comunidades locais, mesmo com as receitas publicitárias estarem a grande forma agora no sul do país.
Outro ponto, é a necessidade de se criarem Centros de Imprensa a exemplo de Luanda (tarefa das direcções províncias de comunicação social) ou a constituição de Clubes de Imprensa (tarefa dos jornalistas). Benguela é uma das poucas províncias que estabeleceu o seu Clube de Imprensa.
Cada uma das estruturas teria a possibilidade de facilitar a articulação entre os jornalistas locais e aqueles que enviados ou de férias cheguem ao interior.

Nenhum comentário: