Para chegar á Menongue, a cidade capital da província angolana do Kuando Kubango, no extremo sudeste de Angola em primeiro lugar é preciso ter uma paciência hercúlea.
Sem ela, talvez, só outras motivações possam animar um solitário peregrino como um escriba a procura de notícias, factos e acontecimentos. Mas é mesmo assim.
Tanto é assim que tudo começa no aeroporto de Luanda. Voos cancelados, remarcações, check – in moroso, passagem pelo Huambo e finalmente a chegada. Chegada as terras que já foram (?) do fim do mundo.
Um avião da TAAG sem as cores da companhia de bandeira, com uma equipa de tripulação com estagiários que mais se preocupavam com sorrisos do que com a comodidade dos clientes passageiros. Na rota Luanda – Huambo há mais passageiros do que Huambo - Kuando Kubango. É difícil olhar para as causas, mas para a “ cidade vida” vai muita gente, mas para Menongue nem tanto.
O Huambo foi encontrado molhado. Nesta época chove a cântaros e quase todos os dias e por várias horas. Nem deu para sair do avião e retemperar as energias para mais uma deslocação ao extremo sudeste de Angola. Um passo e mais um estávamos a desembarcar no Aeroporto de Menongue.
A infra-estrutura aeroportuária precisa de obras de restauro, melhoria do tapete e um maior rigor na prestação dos serviços em terra das poucas companhias que “tocam” o solo do Kubango Kubango. Sala de desembarque pobre, mas com um vistoso restaurante no edifício em cima.
Depois um “ Kupapata” ( táxi- moto, muito em voga no centro e sul de Angola) e o redescobrir de uma cidade conhecida há cerca de dois anos atrás, sempre alegre no seu viver com dificuldades difíceis de contornar especialmente para as pessoas de baixa renda. Muitos terrenos baldios, mesmo nas ruas conhecidas como principais e a ausência de novas infra estruturas dignas de uma grande nome, saltam a vista ao “solitário peregrino”.
Contactos com as autoridades, governamentais e eclesiásticas, que trazem “sinais vitais” de uma terra que insiste em ser melhor. Apodada por muito tempo de terras do fim do mundo, a realidade insiste em mostrar que continua distante de tudo, até de fortes projectos para o desenvolvimento.
Não prédios novos, os que ainda “cruzam” os céus estão todos eles marcados pela guerra, com a destruição inerente á um conflito em que a “ razão da força superou a força da razão”, como é normal nessas ocasiões.
Junto á uma explanada na rua principal, o consumo de álcool é em quantidades semi - industriais, com jovens mulheres e rapazolas ( sempre estes) entregam-se desalmadamente aos “ descendentes” de Baco! Ao lado um rio que “ rasga” a cidade, atravessado por duas pequenas pontes, mas as marcas da guerra teima em deixar em escombros habitações de dois á três pisos, destruídos.
Um comentário:
Gosta das "crónicas de viagem/reportagem". São originas e muito directas. Aliás é mesmo isso o que a teoria denomina crónica. Um género intermédio entre a notícia/reportagem e a literatura.
Um abraço, Manel.
Ficaste agora sozinho a cuidar dos "miúdos"?
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