Devemos atender a uma situação: Luanda é uma das cidades mais caras do mundo. Os dólares para alguns jorram a rodos, mas a pobreza é maior que a riqueza. Ou por outra, a maioria pobre olha para exibição do novo riquíssimo, impotente.
Luanda é a cidade dos contrastes. Talvez por isso os esquemas são constantes e com o engenho da imaginação jovens e não só, criam-se formas, pouco refinadas, para retirar de outros cidadãos o fruto do seu labor de todos os dias. Na zona do Palanca, próximo do cemitério da Santa Ana, taxistas buscam uma rota alternativa aos “ endémicos” engarrafamentos na Estrada de Catete. Numa dessas manhas, hora de transito profundamente difícil, mais um grupo de jovens latagões investem contra mais um taxi, vulgo candongueiro. Eram quatro. Dois dos jovens bloqueiam a passagem da viatura, erguendo uma barricada com pneus e ferro velho. Os outros dois, voltam-se para as laterais da viatura exigindo do cobrador, inspirado a preceito para mais um dia de factura, cinquenta kuanzas como contribuição para a rua em que os taxistas buscam alternativas de passagem. Na relutância de entregar os valores, os jovens ameaçam investir danificando a viatura – neste momento é difícil “livrar-me” da pele de escriba que vê no facto a única forma e sagrada de noticiar , para encarnar o cidadão que tudo vê, pouco fala e assim (sobre) vive. Reparo depois que um oficial superior da força aérea, que ia na parte de frente do veiculo, desce com um revolver em punho. Ameaça, gesticula e expulsa os jovens transformados momentaneamente em “ abutres humanos” numa das escapatórias mais procuradas pelos candongueiros. Pena é que o resultado da sua “safra ilegal” serve apenas para comprar cervejas, um pão com chouriço e quiçá estupefacientes. Ninguém investe, afundando os sonhos num ridículo ciclo vicioso, com contrastes, a fazerem de Luanda um cidade sui generis onde quem tem um olho é rei.
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