Rosas brancas de porcelana
Para esta construção bastam os mares
de olvido concentrados no coração azul dos peixes.
Nas tuas mãos começam os alicerces
de um cantar antigo remoinho de prazeres.
É só sentires um formigueiro pela coluna acima
e os sete sóis de Júpiter te iluminam.
Logo em teu cordão umbilical enrolarei
a fina platina de um nome subscrito
a cal de rosas brancas de porcelana.
Mas é no teu olhar que se definem os contornos
de quem não somos como se o vinho
dos lagares fermentado no teu sangue
não me levasse até ao fim do poema.
Um vestígio de luar
Quantas vezes o céu azul com as suas mãos cheias de nuvens brancas
deita de lado uma mulher sobre o rio kwanza
na púrpura florescência da carne.
Todo o céu assim deixa terreno
à impaciência dos dedos
à investigação das mandíbulas
ao cheiro ocre das rosas de porcelana
que degeneram nas margens húmidas.
Palavra puxa palavra
de mesa em mesa se escuta
um vestígio de luar
deixar a porta aberta
ao couro sanguíneo das pontes.
* Do livro “Um Voo de Borboleta no Mecanismo Inerte do Tempo”, poemas cedidos pelo autor
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