sexta-feira, maio 16, 2008

Dois poemas de José Luís Mendonça*

Rosas brancas de porcelana
Para esta construção bastam os mares de olvido concentrados no coração azul dos peixes.
Nas tuas mãos começam os alicerces de um cantar antigo remoinho de prazeres.
É só sentires um formigueiro pela coluna acima e os sete sóis de Júpiter te iluminam.
Logo em teu cordão umbilical enrolarei a fina platina de um nome subscrito a cal de rosas brancas de porcelana.
Mas é no teu olhar que se definem os contornos de quem não somos como se o vinho dos lagares fermentado no teu sangue não me levasse até ao fim do poema.
Um vestígio de luar
Quantas vezes o céu azul com as suas mãos cheias de nuvens brancas deita de lado uma mulher sobre o rio kwanza na púrpura florescência da carne.
Todo o céu assim deixa terreno à impaciência dos dedos à investigação das mandíbulas ao cheiro ocre das rosas de porcelana que degeneram nas margens húmidas.
Palavra puxa palavra de mesa em mesa se escuta um vestígio de luar deixar a porta aberta ao couro sanguíneo das pontes.
* Do livro “Um Voo de Borboleta no Mecanismo Inerte do Tempo”, poemas cedidos pelo autor

Nenhum comentário: