terça-feira, junho 03, 2008

Cartas de radio! I

A receita básica para o sucesso de uma estação local, são ataques regionais..... Tudo isso vem a propósito da ultima mensagem ( e-mail em que lamentavas a monotonia do Lubango e a exclusão ( deliberada ou não ) da nossa queria 2000 na agenda governativa, nas reportagens e acontecimentos oficiais.
Daqui da " estranja", passe o termo, podemos notar que uma rádio extremamente colada ao poder ou a espera do que o poder faz, não atinge profundamente o seu fim.
Os estrategos da arte de informar dizem que uma rádio que se quer afirmar como " imprensa alternativa" tem que dar voz a sociedade civil, sem contudo fugir a lógica governamental, mas tendo em atenção fundamentalmente a sociedade civil, o empresariado, Ongs, associações locais e igrejas etc, etc. Outra receita para o sucesso na informação local são os ataques locais.
Toda a medida tomada a nível central, tem reflexo na localidade. Lá está a sociedade civil local, mesmo muitas vezes não habituada ao confronto directo de ideias ( saudades do Com peso e medida e o direito a informação nos bons velhos tempos) tem sempre opinião. A TSF, a celebre estação Portuguesa, diz nos seus spots "VAMOS AO FIM DA RUA, VAMOS AO FIM DO MUNDO".
Uma pessoa fica mais entretida com a sua rádio quando saber que ela fala dos seus problemas e não no abstracto, Iraque, Afeganistão, Ciclone em Cuba e no Haiti, fome em Moçambique… em fim muitas das vezes a abrir o noticiário. Com a sociedade civil presente na antena, o governo fica tecnicamente para trás.
Pode-se pensar que a linha informativa é assim que dita, corporizada toda ela na máxima Horacial, segundo a qual " sabemos nós mais do mundo, do que o mundo sabe de nós". Mas olhemos para o mundo de hoje. Hoje há mais pessoas com parabólica, no Lubango já se contam as centenas. Mais gente com a Internet, mais gente a ler jornais. Será que ainda se justifica a imposição globalizante em falar mais dos outros do que de nós? E a audiência, ainda se justifica? O pior é que parece não haver alternativa.
Pense em mandar gente investigar assuntos bons, que marquem a cidade e não só: Alargamento da cidade e as alternativas para a construção, venda ilegal de terrenos pelos serviços comunitários, corrupção no ensino, desaparecimento de salários de professores, inserção polémica de enfermeiros.... ou temas mais grandes eleições e a opinião do povo ai. Estas são, quanto a mim, algumas receitas para o sucesso na nossa 2000.

2 comentários:

Soberano Kanyanga disse...

Comoé, tás a cursar ou k?
Dá dikas yá?
Um abraço

Soberano Kanyanga disse...

Manuel, Verdade que na minha condição de receptor de informação veiculada pela media, sempre me identifiquei mais com aquela que me é próxima do que distante. A reparação do prédio da esquina, a limpeza do mercado do bairro, a graça ou desgraça do "vizinho" chamam em nós maior atenção do que os Iraques, Paquistões e outras longitudes.
Tenho mjuitas reflexões dessa natureza no meu www.olhoensaios.blogspot.com
Um abraço