A campanha eleitoral está a meio caminho desde que arrancou no passado 5 de Agosto.
Os actores entraram em cena sem surpresa de maior. Uns com o espectáculo de cores e sons à medida dos seus meios; outros modestamente, num cenário em que parece ser prematuro antecipar a vitória de Golias ou de David.
Na retórica de estreia, ouvida dos actores de destaque - a maioria cessante e a oposição cessante -, os valores ordeiros da tolerância, paz e contenção soaram mais alto.
O ambiente coaduna-se com a fluidez da conjuntura, os subtis desafios, e os cautelosos e legítimos anseios.
A mensagem de circunstância do Chefe de Estado à Nação teve o condão de traduzir este complexo de traços, gerando expectativa sobre a efectivação dos seus oportunos alvitres de ponderação.
A réplica do líder da Oposição cessante inscreveu-se na mesma esteira, ainda que tivesse vincado, naturalmente, em democracia basilar, a identidade do seu projecto da alternância ao “status quo”.
Consoante o seu pendor, os demais competidores têm vindo a dar o ar da sua graça, com pronunciamentos oscilando entre as acrobacias do alcunhado ‘situacionismo’, a via intermédia oposta à bipolarização e a mudança.
As forças da ordem assinalaram o esquema de desdobramento que se impõe no momento para a segurança de todos.
Partidos, correntes ideológicas e figuras, que o Tribunal Constitucional marginalizou, também, se realinham ao sabor dos respectivos interesses, pressões tácticas e perspectivas estratégicas. Pois, assim vai a política, cuja ciência e arte recomenda aos seus agentes o saber equacionar, também, o aleatório.
Os observadores internacionais começam a afluir, a contar pelos primeiros correspondentes da imprensa mundial.
No redemoinho, contudo, já se registaram desacertos, como:
- A demorada libertação das subvenções públicas de direito para os concorrentes;
- A falta dos mesmos para a média privada e a sociedade civil, uma falha chocante ao pensar-se nos gastos ocasionados pela fresca abertura do canal internacional da TV pública em Lisboa;
- A desproporcionada propaganda das obras de um governo entrado na prova dos nove;
- E, ainda, o espectro medonho dos rescaldos psicológicos daquele massacre de oito jovens, na zona da Frescura, no Sambizanga, em Luanda, que a Polícia não esclareceu até ao presente.
- As denúncias trazidas à estampa ontem, em Nova Iorque, por ‘Human Watch Rights’, cuja precisão recomenda uma reacção mais responsável do que o emotivo subjectivismo ferido.
Os jornalistas, por seu lado, meditaram sobre a ética e a deontologia articulada ao tempo. Foi um exercício salutar no qual, como profissionais de confissão católica, participamos intensamente, animados pela recente mensagem pastoral sobre a bicuda temática, sempre útil a lembrar:
«Dada a importância crucial que os meios de comunicação social assumem neste contexto eleitoral, rogamos aos seus Agentes que informem com imparcialidade, equilíbrio, verdade e isenção de pressão político-partidária, a fim de ajudar os cidadãos a votar com liberdade.
Rogamos de igual modo que durante a fase da pré-campanha eleitoral haja equidade no espaço da comunicação social cedido aos diversos partidos. Além disso, abstenham-se de quaisquer discursos inflamatórios de ódios e de todo o tipo de violência».
Oxalá, até 05 de Setembro e mesmo depois, a graça divina acompanhe sempre os angolanos, para que consigam navegar direito entre os acertos e os desacertos, que a estreia exibiu!
Por Siona Casimiro
Um comentário:
Sábia reflexão.
Bem haja!
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