A observação de duas ilustres ONG’s denunciou os perigos que, a seu ver, potenciam o risco de não se qualificar o pleito, convocado para 05 de Setembro próximo, de justo e livre.
O reparo é da tutela da “Human Rights Watch (HRW)” e da “Associação Justiça Paz e Democracia (AJPD)”.
As reacções variaram. A oposição cessante aplaudiu de chofre, num regozijo, cuja consistência a posteridade confirmará melhor se mantido na eventual posição do poder.
Do lado da maioria cessante, o feedback navegou entre a serenidade mostrada por alguns e a alergia xenófoba, que outros exalaram com o conhecido chavão da ingerência estrangeira.
Em factualidade e concisão, marcas que têm prestigiado a acutilante intervenção das duas entidades, a HRW e a AJPD, não se registou a menor refutação dos dados.
A veracidade dos factos apontados alvitra uma comedida postura de Estado, mais eivada de responsabilidade que leviandade, correcção de falhas ‘versus’ incúria, na constante busca da consolidação da jovem democracia, que tem como suportes principais o respeito das liberdades e direitos fundamentais dos cidadãos.
A credibilidade do processo em curso e, acima de tudo, o essencial da sua aposta (que consiste na viragem da presente anormalidade para a normalidade democrática), passa por aí.
Pois, nos dias sucessivos, os resultados proclamados colocarão todos perante as respectivas responsabilidades e compromissos: de governação e de oposição - um par de dignidade inerente ao quadro democrático almejado por todos, como alavanca decisiva do desenvolvimento do país.
É o que a mensagem pastoral da CEAST sobre as eleições frisou, ao alertar que:
«Quem vencer as eleições assuma a responsabilidade de cumprir o que prometeu e mesmo de fazer mais e melhor do que prometeu, e quem as não vencer, aceite o exercício da oposição como um serviço insubstituível em todo o regime democrático. Sem partidos de oposição não há democracia. Governo e oposição têm uma missão comum: construir uma sociedade baseada nos princípios fundamentais da justiça, da liberdade e da igualdade.»
Este trecho é tanto mais oportuno nesta fase em que a campanha eleitoral ultrapassou a fase inicial, marcada por queixumes, nervosismo e incerteza.
A batalha aflora os agora graus da ebulição. Os contendores disparam as primeiras salvas da artilharia pesada.
Assim, se captou o alerta da UNITA sobre os incidentes de Quipeio, Galaga e Andulo, províncias de Huambo e Bié, respectivamente.
Foi de mau agoiro, também, a retórica de um dos actores declarando «guerra verbal» a outro, que lhe subtraiu adeptos, e a promessa pública de se dispensar a Polícia, confiando, doravante, no condenável fazer justiça por mãos próprias.
De lamentar, neste período, o atraso da Polícia em dar informações fidedignas sobre os incidentes, virando costas à sua competência, que é urgente, da sua parte, credibilizar pela prontidão e isenção. Esta instituição desprestigia-se, também, com as frequentes derrotas em tribunal como sucedeu, de novo, no caso da detenção desastrosa dos elementos do PADEPA que, uma vez transitados em julgamento sumário, foram soltos logo por culpa mal formada.
Na mesma linha, é deplorável a omissão dos incidentes na onerosa média pública, que parece teimar na linha de tomar o povo, seu amo verdadeiro, em menor de idade.
Oxalá se possa ouvir, nas próximas circunstâncias, o rápido depoimento equidistante dos observadores já activos e desdobrados pelos quatro cantos do território nacional.
Consolou a presença notória da instituição policial em todos os palcos da campanha eleitoral.
Consolou, também, o balanço positivo da ordem até aqui verificada, em geral, por parte da instituição policial, não fossem os incidentes mencionados.
Sem dúvida, o bemol de maior sossego tocou em Benguela, com a avaliação ouvida do presidente da república e do MPLA.
É neste ambiente cromático, que vão palpitando os corações dos angolanos, que rogaram a “Mama” Muxima, no último fim-de-semana, interceder pela graça divina até à saída do túnel e, não só.
(SC)
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