sexta-feira, abril 20, 2007

IMAGENS DE LUANDA

A ferocidade da vida caminha a passos largos com a pobreza. São visíveis a olho nu, nas ruas de Luanda, nas paragens de candongueiros, nos autocarros e nas longas filas de marchantes imagens que nos lembram filas intermináveis de contratados e escravos do sertão ao embarcadouro.
Escravos sim. Duma vida que vê degradados os seus valores mais elementares como o humanismo, a solidariedade e o amor ao próximo. Apenas de forma isolada nos “surpreendemos” com gestos amistosos de quem deixa a cadeira para um idoso, a uma mulher grávida ou com criança ao colo, ou ainda o apaziguamento de uma contenda.
Acabei de ver um sujeito das FAA a esmurrar em plena luz e sem causa aparente um jovem que por sinal até se dirigia à oficina em que trabalhava. Motivo: Escorregou na lama que encobria o asfalto e tocou-lhe na farda.
Desumanamente todos passamos. Ninguém socorreu o jovem que sangrava nas narinas. Também ninguém repreendeu o sargento.

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