sábado, fevereiro 09, 2008

LUANDA

Luanda comemorou mais um aniversário. A capital está cada vez mais velha, percorrendo agora os seus 432 anos de existência, desde que o explorador português Paulo Dias de Novais a baptizou de São Paulo de Loanda.
No seu aniversario, dirigido a uma reflexão séria sobre a sua existência, os discursos oficiais e a voz popular, mais uma vez coincidiram, urge a necessidade de se pensar e implementar um " plano director condigno" para a modernização urbana da cidade, preservando, também o valor arquitectónico que alguns edifícios, especialmente na baixa, conservam.

Em que pé anda o plano de requalificação urbana de municípios, como o Sambizanga, que é marcado por musseques, alguns dos quais com mais de trinta anos de existência. Tal como no resto de Luanda, em alguns casos se vê o musseque, do bairro, e imponentes residências a beira-mar que custam milhares e milhares de dólares, construídas em betão, afectando o ambiente, alterando o eco sistema marinho nas praias, especialmente a sul de Luanda.
É desejoso observar uma cidade em condições, melhor para se viver, com arruamentos definidos, espaços verdes e de lazer junto das habitações, onde o trânsito caótico seja desafogado, por vias alternativas, sem sarjetas ou amontoados de lixo a impedirem a livre movimentação de pessoas e meios.
Mas a realidade é outra. No consolado do ora exonerado governador Job Capapinha, nunca se viram tantas demolições! O combate ao lixo foi uma das suas batalhas. A ideia de dar condições condignas a população não passou de promessa e a batalha visivelmente não foi vencida. Capapinha deixa a gestão de Luanda quase igual a que a encontrou, ou, talvez, ligeiramente mais degradada.
Será que com uma governadora interina e uma espécie de reforçada comissão de gestão para esta estratégica província e lançado um sinal de esperança renovada para os seus habitantes? Será uma comissão ou gabinete de intervenção a estrutura acertada para gerir Luanda?
No recente aniversário de Luanda, passou também pela cabeça das pessoas as constantes demolições, sendo que as famílias realojadas nem sempre encontram condições condignas para viver nas zonas de acolhimento.
Foi assim com o pessoal retirado da Chicala, que localizados agora algures por Viana e Kilamba Kiaxi, vivem dias negros. Sem luz, sem escolas muitas vezes próximas para as crianças, sem acesso rápido á saúde pública, resta a essas famílias uma espécie de " clamor no deserto " da difícil vida por que passam.
Áreas como Kambamba I e II, Bonde Xape, Iraque, Nova Vida, zona verde e kms trinta ou 44 em Viana entre outras, passam sempre nos noticiários das rádios privadas e na boca dos populares, pois há muito entraram para o complicado "mapa" das demolições em Luanda.
Recentemente foi na zona da Boavista, numa acção que resultou num incidente em que militares da Unidade de Guarda Presidencial, mandatados para o local, recorreram as suas armas para reter, mais uma vez, jornalistas da Ecclesia que por sua vez foram ao terreno ouvir os clamores dos populares, que viram os seus " casebres " deitados abaixo. Se por um lado, há a necessidade de se modernizar a cidade, por outro lado, como está a ser feito realojamento das famílias. O que dizer das condições de acolhimento em áreas remotas como Panguila e Zango.

Como levar a essas zonas condições básicas para o cidadão viver. Daqui para a frente, as expropriações por interesse público serão seguidas de indemnizações justas ou realojamentos em condições.

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