sexta-feira, outubro 12, 2007

O vazio de informação na Huíla

Um dos grandes desequilíbrios por mim sentidos, na recente visita que efectuei ao Lubango, foi a gritante falta de informação. Uma falta sentida por um cidadão médio da capital da Huíla no dia a dia.
O desencanto era menor, no entanto, porque decidi nestas ferias desligar-me das notícias e concentrar-me em trabalhos de investigação histórica sobre Caconda, a vila onde nasci. Mas o vazio informativo, mesmo assim, não foi ultrapassado.
Os meios de comunicação social estatais ao que parece estão num “ocaso latente”. Os jornais privados chegam em número bastante inferior, isto quando chegam. A rádio alternativa, a comercial, ainda precisa de uma “terapia de choque” para encontrar o seu norte, depois da sangria que sofreu, levando sarjeta abaixo os laivos da “ independência” da informação e engenhosidade dos fazedores de opinião da altura. Ora, a denúncia, o cruzamento da informação, a opinião de actores sociais diversificados são coisas do passado. Hoje o privilégio vai para o “ politicamente correcto”.
Nesta análise, tentei me colocar no lugar do mais comum dos cidadãos. Aquele, que por força destas circunstancias, já não participa nos grandes acontecimentos da sua terra. A imensa Angola é retractada apenas num sentido, o oficial.
A Huíla, é opinião unânime de quem a conhecei entre 1995 a 2005, regrediu alguns passos no que toca a liberdade de informação. Estes dez anos foram, amiúde, descritos como os tempos áureos para o fomento da imprensa regional. Mesmo com poucos incentivos, a “carolice” de alguns escribas satisfazia as necessidades de informação do grande público.
A crítica, velada ou aberta, era uma constante. A submissão era rejeitada. Claro que não estávamos perante realidades tão distantes como aquelas transmitidas pelo jornal local OMUKANDA, do falecido Miguel, o Kassana ou o César André, mas a informação na Huíla era válida.
O ocaso que se regista hoje é, no entanto, ligeiramente sacudido por uma publicação local nova, conhecida como REVISTA “ LUBANGO”. O magazine tem qualidade, com altos custos. Redacção local, impressão no estrangeiro e toda colorida. Um exemplar me foi oferecido, por um dos jornalistas percursores da iniciativa.

Fui informado que devia ser de âmbito municipal, retractando apenas o Lubango, mas depois foi “ abocalhada” pelo governo provincial. Nada mau. O fomento da imprensa regional volta a ganhar fôlego, mas como se nota só informação oficial pode ai parar.

A revista tem qualidade, bons jornalistas, mas (ainda) não satisfaz a necessidade de informação na Huíla. Bem-haja a iniciativa e que viva muito tempo a revista Lubango.

NOTA: Assim era num passado recente. Hoje, infelizmente, nada mudou. Até quando?

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