terça-feira, fevereiro 12, 2008

Anos!

O dia de anos! O olhar ao passado, mas firme nos dias todos e todos os dias. Que nunca passe pela cabeça confundir "a estrada da beira com a beira da estrada" como diria o bloguista de primeira hora.
Um dia, mais um ano. Um ponto, um marco. Um desejo, um passo. E a festa rija...

sábado, fevereiro 09, 2008

O meu Lubango, pois claro!

Normalmente é incondicional o nosso amor a terra que nos viu nascer. talvez por isso, e as vezes remando contra a maré da vida, procuramos saber de tudo e de todos que se referem, bem ou mal, ao tal local de nascença.
Pode parecer tardio, mais é com essa, rápida, justificação que declaro que neste blog a Huíla, terra linda, terá sempre um lugar. Vamos, neste espaço, cogitar, reflectir, questionar, procurar obter mais informação ou noticias sobre esta província do sul do país, que dá pelo nome de Huíla.
A Huíla, com os seus 14 municípios um sem numero de comunas e centenas de povoações remotas e escondidas.

A Huíla, com os seus encantos - que bem aproveitamos para conhecer e apreciar- as suas desgraças, os seus mitos, as tradições e a governação. Um espaço de intervenção, quiçá debate sobre os " huilanos de gema".

Um espaço de homenagem à aqueles que com o seu vigor, as suas ideias, longe do compadrio, erguem a Huíla e lutam todos os dias para que seja um bom lugar para se viver.

Intervenha, pois a Huíla, o Lubango e não só, precisa de nós.

Tundavala,mais uma vez!

Angola, Tundavala!
É como voar sem tirar os pés do chão. É uma vertigem e uma emoção. É esmagador, mete medo. É o fim do Mundo. Para se chegar ao abismo da Tundavala, é preciso fazer cerca de 15 quilómetros por estradas de terra batida desde a cidade do Lubango. Acho que não há quem não os faça. Ir ao Lubango e não ir à Tundavala, é pior que ir a Roma e não ver o Papa.
Só lá estive uma vez, em 1986. Fui ao Lubango com o Paulo Dentinho. Lá fizemos parte de três episódios da série “Os Que Não Voltaram”, que a RTP exibiu no ano seguinte, se a memória não me falha. Naquele tempo, viajar em Angola era uma aventura. A guerra retalhou o país e viajava-se como se Angola fosse um arquipélago. Cada cidade, uma ilha.
Para ir de ilha em ilha, só de avião ou integrado em colunas militares. Essa viagem foi feita, como já antes expliquei aqui, sob escuta e escolta de diligentes funcionários públicos angolanos. De modo que, quando fomos levados à Tundavala por um dos portugueses que viviam no Lubango (um dos tais que não voltaram), ele chamou-nos a atenção, disfarçadamente, para o chão.
Era um terreno arenoso, de areia clara. Enterrou a biqueira do sapato e, lentamente, trouxe à superfície uma cápsula de bala de kalashnikov. Durante o resto do tempo que passámos ali, eu e o Paulo dedicámo-nos a desenterrar mais cápsulas, disfarçadamente. Eram muitas. Eram a evidência dos fuzilamentos que se fizeram ali, à beira daquele precipício. Já nos tinham dito que, lá em baixo, no fundo da ravina com mais de mil metros, estavam muitos corpos de vítimas da violência política. Tínhamos duvidado mas, a partir daquele dia, passámos a acreditar.
Por Carlos Narciso

Seca em Angola

A Seca afecta Benguela, Huíla, Namibe, Kwanza-Sul, Cunene e Kuando Kubango. Há notícias de que a O Uige também vê as culturas de mandioca afectadas. As actuais colheitas estão integralmente, ou quase, comprometidas.

Essas noticias, divulgadas nas ultimas semanas pela imprensa nacional, levaram os cidadãos á reflexão sobre a segurança alimentar em Angola, á prática da agricultura de subsistência – base da sobrevivência rural em Angola – as formas de melhorar a vida no campo e consequentemente a alimentação dos milhões de populares que vivem fora dos centros urbanos, em princípio, e depois abastecer as cidades.

A estiagem teve os primeiros sinais lançados no segundo semestre do ano passado, logo no reinício da época de chuvas no país. Culturas de milho, massango, massambala e outros cereais ficaram prejudicadas tanto no seu cultivo, como no seu crescimento.

Em outras áreas ficaram perdidas quase na totalidade, entre outras, as culturas de milho, feijão, massango, batata e algumas frutas.
O clima de fome pairava no ar e a vida das comunidades era enevoada de incertezas. Infelizmente esta incerteza tornou-se um dos problemas actuais de protecção civil dos angolanos.

Na procura de soluções algumas Organizações Não-Governamentais, por exemplo, apelam ao governo a trabalhar no sector da segurança alimentar nas províncias afectadas pela seca. Será uma acção em coordenação com as autoridades locais ou estabelecidas a partir de Luanda? As comissões ad hoc, inter provinciais e o serviço de abastecimento de bens essenciais as populações não poderiam se converter numa frente para levar ás populações a ajuda de que precisam hoje?
O governo foi alertado inclusive para que crie com urgência um programa de ajuda alimentar para fazer face ao cenário de crise em curso. Será isso possível? São necessários os perfis de organizações não governamentais para levar ao interior o calor a quem sofre?

O apelo das ONG insere ainda um alerta relacionado com o perigo de as famílias camponesas usarem como alimento, em desespero, as sementes distribuídas pelo governo para serem tentadas novas colheitas caso venha a chover normalmente no país.

Tal como, advertem as ONG, pode estar comprometida a subsistência alimentar de milhares de camponeses se não houver uma alteração significativa das condições actuais.
Para alem de olharmos para as causas da estiagem em certas zonas do país e a prevenção das suas eventuais consequências é importante olhar para as formas de se ultrapassar as notáveis consequências que a falta de chuvas trouxe para a vida dos angolanos.
Mas ressaltemos, que nas últimas horas em algumas localidades a chuva deu o ar da sua graça……

LUANDA

Luanda comemorou mais um aniversário. A capital está cada vez mais velha, percorrendo agora os seus 432 anos de existência, desde que o explorador português Paulo Dias de Novais a baptizou de São Paulo de Loanda.
No seu aniversario, dirigido a uma reflexão séria sobre a sua existência, os discursos oficiais e a voz popular, mais uma vez coincidiram, urge a necessidade de se pensar e implementar um " plano director condigno" para a modernização urbana da cidade, preservando, também o valor arquitectónico que alguns edifícios, especialmente na baixa, conservam.

Em que pé anda o plano de requalificação urbana de municípios, como o Sambizanga, que é marcado por musseques, alguns dos quais com mais de trinta anos de existência. Tal como no resto de Luanda, em alguns casos se vê o musseque, do bairro, e imponentes residências a beira-mar que custam milhares e milhares de dólares, construídas em betão, afectando o ambiente, alterando o eco sistema marinho nas praias, especialmente a sul de Luanda.
É desejoso observar uma cidade em condições, melhor para se viver, com arruamentos definidos, espaços verdes e de lazer junto das habitações, onde o trânsito caótico seja desafogado, por vias alternativas, sem sarjetas ou amontoados de lixo a impedirem a livre movimentação de pessoas e meios.
Mas a realidade é outra. No consolado do ora exonerado governador Job Capapinha, nunca se viram tantas demolições! O combate ao lixo foi uma das suas batalhas. A ideia de dar condições condignas a população não passou de promessa e a batalha visivelmente não foi vencida. Capapinha deixa a gestão de Luanda quase igual a que a encontrou, ou, talvez, ligeiramente mais degradada.
Será que com uma governadora interina e uma espécie de reforçada comissão de gestão para esta estratégica província e lançado um sinal de esperança renovada para os seus habitantes? Será uma comissão ou gabinete de intervenção a estrutura acertada para gerir Luanda?
No recente aniversário de Luanda, passou também pela cabeça das pessoas as constantes demolições, sendo que as famílias realojadas nem sempre encontram condições condignas para viver nas zonas de acolhimento.
Foi assim com o pessoal retirado da Chicala, que localizados agora algures por Viana e Kilamba Kiaxi, vivem dias negros. Sem luz, sem escolas muitas vezes próximas para as crianças, sem acesso rápido á saúde pública, resta a essas famílias uma espécie de " clamor no deserto " da difícil vida por que passam.
Áreas como Kambamba I e II, Bonde Xape, Iraque, Nova Vida, zona verde e kms trinta ou 44 em Viana entre outras, passam sempre nos noticiários das rádios privadas e na boca dos populares, pois há muito entraram para o complicado "mapa" das demolições em Luanda.
Recentemente foi na zona da Boavista, numa acção que resultou num incidente em que militares da Unidade de Guarda Presidencial, mandatados para o local, recorreram as suas armas para reter, mais uma vez, jornalistas da Ecclesia que por sua vez foram ao terreno ouvir os clamores dos populares, que viram os seus " casebres " deitados abaixo. Se por um lado, há a necessidade de se modernizar a cidade, por outro lado, como está a ser feito realojamento das famílias. O que dizer das condições de acolhimento em áreas remotas como Panguila e Zango.

Como levar a essas zonas condições básicas para o cidadão viver. Daqui para a frente, as expropriações por interesse público serão seguidas de indemnizações justas ou realojamentos em condições.