sábado, janeiro 27, 2007

Chuvas da desgraça em Luanda

Enxurradas! Chuvas torrenciais sobre Luanda são algo que certamente marcará os factos noticiosos de 2007. A desgraça que acarreta esta precipitação é tão visível quanto a nova morada da senhora Esperança, dona de uma boa casa( construção definitiva) hoje hospedeira de uma das tendas no bairro . A sua família trocou involuntariamente o conforto das paredes com a bravura da corrente de ar da residência ao ar livre. Esperança, desta virtude só lhe sobra o nome porque não tem optimismo que a situação esteja ultrapassada…” Se uma chuva forte cair, pode ser que a tenda nos destrua a nós ao invés das nossas coisas, como aconteceu nas nossas casas, pensou Esperança… Enquanto não Chove, Esperança debulha o terço para que desta vez chova só “Cochito” rogando que o penúltimo abrigo (tenda) seja guardado da fúria de S. Pedro. No bairro de Esperança ficaram as Senhoras Maria e Kassenda , vizinhas de Esperança, aquelas experimentam o desespero de lutar contra a teimosia da água, esta entra nas suas casas a partir do chão e integra o agregado familiar. As senhoras Maria e Cassenda preferem a Instabilidade da Inundação, porque sobram paredes, as camas permanecem intactas por cima de muitos blocos, a noite a tábuas e blocos no chão dos quintais enfileiraram-se e dão passagem às residências onde descansam os corpos. Se chove! Juntam-se as crianças e dirigem-se aos antepassados para que intercedam por eles. Que Deus não os castigue mais. A criança mais nova interrompe a oração e questiona..” Assim vamos aonde?” Não vamos a lugar nenhum responde dona Cassenda, somos muitos e as casas estão caras continua a senhora Cassenda, Nas tendas também não vou. Há cinco anos também houve cheias deram tendas e por este critério distribuíram terrenos, só que o administrador recebeu o nosso terreno.“.. Vamo ficar memo aqui”… Tanto na Tenda onde está a dona Esperança, como no bairro alagado onde estão as senhoras Maria e Cassenda a expectativa é a mesma, que acabem as enxurradas e volte a vida normal. É Verdade que a força da natureza é incontrolável, também é verdade que as catástrofes naturais acontecem, mas no caso destas famílias, das senhoras, Esperança, Maria e Cassenda os estragos do fenómeno el ninho seriam minimizados se fossem concebidos esgotos no seu bairro para o escoamento das águas. Tudo que aconteceu foi que a agua não encontrou lugar para escoar e integrou o agregado familiar. As residências das senhoras permanecem na antiga lagoa. Hoje quase com o estatuto de rio pela dimensão que abrange. Um melhor saneamento para os bairros precisa-se. Porque minimizar os danos das chuvas com mortes contadas quando se pode prevenir os acidentes em áreas de risco? Porque não apostamos na auto - construção dirigida. Onde estão os planos urbanísticos para permitirem uma melhor orientação de construção na periferia de Luanda. Ainda penso que, se as entidades de Direito tivessem impedido a Construção de residências naquele local teriam permitido a procura de lugares mais seguros e as três famílias não teriam custos por causa das chuvas da desgraça. Por Márcia Nigiolela ( jornalista da RE)

Nenhum comentário: