
sexta-feira, abril 25, 2008
KUANDO KUBANGO (II)

Rose é um jovem mãe. Tem 23 anos e já vai no segundo filho. Chegou a menos de um ano á Menongue, a capital do Kuando Kubango.
Os apelos são para uma vida melhor, em tempo de paz, no seu país, fez com que deixassem tudo quando conseguiram acumular no campo de refugiados de Nangwechy, do outro lado da fronteira, na Zâmbia.
Foram anos de confinamento onde, segundo diz, se fez mulher. A comunicação só é possível falando Inglês, porque os anos de convivência com zambianos de varias origens e angolanos de varias etnias colocaram o português num plano verdadeiramente secundário. Mas Rose, conseguiu apreender, para alem do Inglês mais cinco línguas tradicionais africanas.
Desde seu regresso o apoio foi sendo dado para o seu reacentamento, pois trouxe consigo a mãe já adulta, cinco irmãos menores e o seu esposo também angolano. Disse-me que o marido está nas lundas a trabalhar nos “ diamantes”. O apoio terminou e ela, agora, sobrevive vendendo carne assada e cerveja num dos maiores mercados da cidade de Menongue.
Como ela estão centenas de centenas de pessoas que decidiram voltar ao país, findo o tempo de guerra.
Á vila parou no tempo, pois os sinais de desenvolvimento são cada vez mais ténues, apesar do esforço do general- governador que administra a província do Kuando Kubango, João Baptista Tchindande mais conhecido pelo nome de guerra de “Black Power”.
A “Ex Serpa Pinto” vive ainda sem água potável canalizada, sendo o recurso a agua mineral importada da Namíbia a escolha para matar a sede. É uma situação incrível, numa zona bafejada pela sorte ao ter centenas de rios e regatos a atravessar a zona.
Não há energia eléctrica regular, e aqui, mais uma vez, a resposta é o uso ensurdecedor de geradores que “povoam”a cidade e os seus arredores.
Mas em Menongue mesmo assim vive-se, a espera de um amanhã melhor, mesmo que as promessas hoje sejam o dia a dia tal como manda o figurino pré eleitoral.
Terra dos bosquimanes ou Koisan, que correm riscos de extinção, Menongue fica longe, lá isso fica.
Candogueiros
Nos últimos dias a peculiaridade de Luanda e as suas estradas, ganha novo ímpeto. Os candongueiros azuis e branco (táxis, na sua maioria em situação irregular) aparecem pintados com escritos interessantes nos vidros traseiros…
Fotos in www.omeublogafricano.blogspot.com
quarta-feira, abril 23, 2008
Radios em catadupa?

A informação é interessante! Tem a chancela a delegação em Luanda da Rádio VOZ DA AMÉRICA . Pelo interesse que suscita o assunto e para interessados no estudo e acompanhamento da nossa “ fauna” jornalística, particularmente ligada a rádio, cá vai o texto, com a devida vénia:
“ Depois de ter posto no ar, há cerca de duas semanas uma estação de rádio comunitária em Viana, arredores de Luanda, a Rádio Nacional de Angola prepara-se para lançar duas novas emissoras do género na capital, soube a Voz da América de fonte boa fonte.
As novas estações de rádio, definidas como centros de produção radiofónica vão cobrir os municípios de Cacuaco e do Cazenga. Ambas serão equipadas com emissores de 1 kilowatt.
A Rádio Viana , a mais adiantada de todas, terá um programa dedicado exclusivamente ao município, ao qual foi dado o nome de Antena Viana. Irá para o ar todos os dias, das 6 às 9 da manhã.
Fonte geralmente bem informada disse à Voz da América que a abertura destas estações de rádio faz parte de um programa já em andamento que visa servir com estúdios auto-operados os municípios do país que mais cresceram.
Já foram instaladas emissoras do género no Cubal e na Ganda em Benguela, bem como em Negage, Quitexe e em Sanza Pombo na província do Uíje, assim como no Tômbwa província do Namibe?.
Fontes oficiais contactadas pela Voz da América disseram que a programação destas estações será preenchida com conteúdo essencialmente local, estando prevista entretanto a retransmissão dos principais serviços noticiosos da emissora estatal.
As fontes contactadas pela Voz da América negaram que por detrás deste processo estivesse qualquer motivação política. “ Emissores de um kilowatt não podem concorrer com emissores de 5 kilowatts?. Observam ainda que todas as rádios terão o nome ligado aos municípios onde estão instaladas. Da mesma forma como existe a rádio Viana, existira a Rádio Cubal e por ai fora. “
segunda-feira, abril 21, 2008
KUANDO KUBANGO: Longe da capital, longe de tudo!

Sem ela, talvez, só outras motivações possam animar um solitário peregrino como um escriba a procura de notícias, factos e acontecimentos. Mas é mesmo assim.
Tanto é assim que tudo começa no aeroporto de Luanda. Voos cancelados, remarcações, check – in moroso, passagem pelo Huambo e finalmente a chegada. Chegada as terras que já foram (?) do fim do mundo.
Um avião da TAAG sem as cores da companhia de bandeira, com uma equipa de tripulação com estagiários que mais se preocupavam com sorrisos do que com a comodidade dos clientes passageiros. Na rota Luanda – Huambo há mais passageiros do que Huambo - Kuando Kubango. É difícil olhar para as causas, mas para a “ cidade vida” vai muita gente, mas para Menongue nem tanto.
O Huambo foi encontrado molhado. Nesta época chove a cântaros e quase todos os dias e por várias horas. Nem deu para sair do avião e retemperar as energias para mais uma deslocação ao extremo sudeste de Angola. Um passo e mais um estávamos a desembarcar no Aeroporto de Menongue.
A infra-estrutura aeroportuária precisa de obras de restauro, melhoria do tapete e um maior rigor na prestação dos serviços em terra das poucas companhias que “tocam” o solo do Kubango Kubango. Sala de desembarque pobre, mas com um vistoso restaurante no edifício em cima.
Depois um “ Kupapata” ( táxi- moto, muito em voga no centro e sul de Angola) e o redescobrir de uma cidade conhecida há cerca de dois anos atrás, sempre alegre no seu viver com dificuldades difíceis de contornar especialmente para as pessoas de baixa renda. Muitos terrenos baldios, mesmo nas ruas conhecidas como principais e a ausência de novas infra estruturas dignas de uma grande nome, saltam a vista ao “solitário peregrino”.
Contactos com as autoridades, governamentais e eclesiásticas, que trazem “sinais vitais” de uma terra que insiste em ser melhor. Apodada por muito tempo de terras do fim do mundo, a realidade insiste em mostrar que continua distante de tudo, até de fortes projectos para o desenvolvimento.
Não prédios novos, os que ainda “cruzam” os céus estão todos eles marcados pela guerra, com a destruição inerente á um conflito em que a “ razão da força superou a força da razão”, como é normal nessas ocasiões.
Junto á uma explanada na rua principal, o consumo de álcool é em quantidades semi - industriais, com jovens mulheres e rapazolas ( sempre estes) entregam-se desalmadamente aos “ descendentes” de Baco! Ao lado um rio que “ rasga” a cidade, atravessado por duas pequenas pontes, mas as marcas da guerra teima em deixar em escombros habitações de dois á três pisos, destruídos.
Angola com dificuldades para conter poliomielite.

Nos dias que correm Luanda foi sobressaltada com o anúncio, pelas autoridades sanitárias, da existência de um surto de Poliomielite na capital . Trata-se da descoberta de um caso da doença diagnosticado no município da Viana, arredores de Luanda.
Tal facto representa o " sinal vermelho" para o quadro sanitário da capital e do país em geral, se considerarmos que uma criança com poliomielite pode contagiar outras 100 crianças.
Diante de tal situação as autoridades provinciais e seus parceiros mobilizaram-se novamente para uma nova cruzada ao vírus da Poliomielite, realizando as chamadas campanhas de vacinação, cujos os resultados dependem da adesão do maior numero de crianças a vacina.
Sabe-se também que ainda existem pais e mães que recusam-se a receber a estas duas gotas capazes de imunizar em definitivo a criança de hoje que é já o adulto de amanha. Cabe questionar que quota parte de responsabilidade temos como sociedade em geral na erradicação desta doença no nosso país?
Reza a história que Angola esteve muito próxima de ser considerada, uma nação livre do vírus da pólio, fruto das contínuas campanhas de vacinação a crianças menores de cinco anos em anos, tal esforço resultou no quase desaparecimento por tempo prolongado de casos desta doença, o que mereceu o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde, que 2006 se preparava para entregar a Angola o selo da erradicação da doença.
Entretanto, todo este esforço ficou gorado quando nesta mesma altura, um novo surto emergiu no pais com novos registos da doença.
Desde ai novos esforços do Governo e dos seus parceiros internacionais e as agencias das Nações Unidas: , se têm engajado nesta luta contra o vírus, que ate esta altura continua a dar mostras da sua presença, com o caso mais evidente revelado recentemente na Viana. Ate esta altura milhares e milhares de dólares têm sido empregues mobilizando meios humanos e materiais para esta monumental tarefa.
sábado, abril 19, 2008
Kianda

Luta, desencanto. Lógica da perdularidade de uma vida muitas vezes lúgubre, tal é o desencanto de um oásis, sem o ser. Linhas para Luanda, a cidade da dita Kianda ( sereia).
A ponte que liga os "milhões sem nada e os poucos com milhões” frustra os de bem. Os caminhos cruzam-se, mas o destino é oposto.
A bazofia de uns ( especialmente em época pré eleitoral) suplanta os sonhos da maioria (?) que sabe que se trata de “ fogo de artificio”!
sábado, abril 05, 2008
A derrocada da DNIC

O país assistiu a uma tragédia. Há uma semana as 4H30 da madrugada, desabava em Luanda o prédio onde funcionou a Direcção Nacional de Investigação Criminal, DNIC. O próprio nome, significava força e jamais uma derrocada que levou a morte oficialmente a 30 pessoas, todos detidos na altura.
Depois do desastre, a maior parte das pessoas começou a avaliar, o estado da maior parte dos edifícios de Luanda.
Dai começarem igualmente a surgir questões. Como estão os edifícios ao largo do local onde aconteceu o sinistro? Que outros prédios estão na eminência de causar problemas as autoridades e aos cidadãos?
Da voz das autoridades foram citados vários locais, como o conhecido edifício da lagoa do Kinaxixi, o prédio “treme treme”, para citar apenas dois. Certamente que as preocupações hoje são mil. Os habitantes pretendem saber do executivo que garantias têm para que estejam a vontade a viver sem sobressaltos.
Sabe-se agora que várias equipas estão formadas para acompanhar todo o processo, afim de se evitarem catástrofes como aquela que vimos há uma semana. Mas será suficiente para a garantia de segurança? Como é que estarão a ser mobilizados os engenheiros para ajudar a prevenir futuros desabamentos? O forte investimento internacional que se verifica será necessário?
O velho

O presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, admitiu para sua família e os seus assessores que perdeu a eleição mais importante dos seus 28 anos de Governo, informou ontem o jornal sul-africano “Business Day”.
Mugabe perdeu o controle do Parlamento pela primeira vez desde que o país obteve a independência de maneira oficial, em 1980, e o opositor do Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês) disse também que foi derrotado na eleição presidencial de sábado passado e deveria reconhecer a derrota.
http://observadormocambicano.blogspot.com/
quarta-feira, março 19, 2008
Rádio Ecclesia, uma rádio de confiança

Publico a nota da redacção Ecclesia pelos 11 anos da "segunda vida" da Emissora da igreja catolica em Angola assinalados neste dia 19 de Março:
" 11 Anos depois, o caminho editorial e a missão social desta estação, pontos definidos pela conferência episcopal de Angola e São Tomé continuam a nortear a acção e função dos jornalistas e colaboradores da emissora católica de Angola.
Depois de um intenso trabalho de pressão e negociação, a Radio Ecclesia ressurgia num dia como este para dar voz aos que não têm voz, cumprir com a sua missão de evangelização e marcar um ponto de viragem na forma de fazer comunicação social, até então em vigor, salvo algumas diferenças.
Reza a história que a Rádio Ecclesia foi extinta oficialmente a 24 de Janeiro de 1978, por ordem do poder popular, o regime de partido único da altura. Os seus bens, emissores e outros meios eram confiscados pelo estado. Na altura toda angola acompanhava a emissão desta rádio.
11 anos depois, olhamos com orgulho para os ganhos da sociedade angolana, em mudança constante com os seus conhecidos desafios.
11 anos depois, olhamos para as dificuldades com serenidade, vemos as oportunidades com fundamentais para manter acesa a "chama" de confiança, e nos desafios do país as melhores formas de ajudar angola a ser, de facto, um país bom para se viver. Mantemos a nossa fé na extensão do sinal da Rádio Ecclesia para o interior, tão aguardada pelos angolanos amantes da diversidade de informação.
11 anos depois, a radio Ecclesia, como emissora católica de Angola renova o seu compromisso com a verdade, a justiça social e a harmonia.
O desafio da cobertura eleitoral, o acompanhamento da mudança constante dos fenómenos sociais em Angola e no mundo, a solidariedade e o conforto para com os “que não têm voz”, o respeito e compreensão de todos os angolanos continuam a ser compromissos.
Reafirmamos, 11 anos depois de voltarmos a comunicar e a dar voz a todos os angolanos, o nosso compromisso no mosaico social angolano. Saudamos em primeiro lugar os fieis ouvintes da radio de confiança e quem está ou esteve directa ou indirectamente no erguer diário das emissões da Rádio Ecclesia".
segunda-feira, março 17, 2008
QUE PROGRAMAS PROPÕEM OS PARTIDOS POLÍTICOS PARA ANGOLA QUANDO SE APELA AO VOTO DE QUALIDADE?

Da qualidade do voto depende a escolha, a nível central e local, dos órgãos do estado, de pessoas, partidos e programas melhor indicados para a boa governação, a realização da justiça e a consolidação da paz e da autêntica reconciliação nacional. Este extracto faz parte da mensagem Pastoral dos Bispos da CEAST. Em face desta apresentação.
Está na agenda politica do país, a realização das eleições legislativas em Setembro próximo. O país como se diz, está a aquecer. Os partidos políticos aquecem os seus “motores” afim de conquistarem o eleitorado. Do outro lado estão os cidadãos, os contribuintes, os eleitores. Que mensagem tem estado a passar para estes? Com a actual situação Sócio Económica no país, onde sinais de descontentamento pairam no ar, quais são as propostas dos políticos para o povo?
Na nova Angola que está a nascer, fala-se de esperança e bem-estar. Mas também se fala de falta de atenção para com os principais problemas que a população atravessa. As pessoas pretendem equilibrar as suas vidas, querem confiar mais nos políticos, cuja imagem nos tempos que correm parece desgastada; buscam um amanhã, onde haja oportunidades para todos, onde haja trabalho e salário justo para sustentarem as suas famílias.
Na sua última mensagem pastoral, dizem os Bispos, que para votar de forma consciente e responsável, os eleitores têm o direito de conhecer as pessoas e sobretudo os programas de governação dos partidos políticos que se candidatam às eleições. Não deixa de ser um ponto importante para o futuro. Mas em que canais os angolanos podem conhecer os seus candidatos e os seus programas?
Terão apenas que aguardar pelo tempo de antena no momento de campanha? Que tipo de discussão pode ser feita neste momento?
Os meios de comunicação, são incontornáveis no momento. Necessita-se de uma informação diversificada, plural e suficiente. Dizem os bispos na carta pastoral que a sociedade tem o direito a uma informação fundada sobre a verdade, a liberdade, a justiça e a solidariedade e que promova o bem comum, servindo todos os sectores da sociedade.
O medo de perder ensombra o céu dos políticos. Perder o poder, perder as mordomias e outros privilégios não faz parte da agenda de muitos políticos. Diz-se que o projecto do país ainda está em construção.
É sabido que quem ganha, quer tudo, pior ainda, humilha os vencidos e muitas vezes não respeita os seus programas. Nesta viragem de página, que esperar dos partidos políticos, assustadoramente numerosos em Angola?
JP
sábado, março 15, 2008
Luto no Lubango, mais um ícone partiu...

O empresário Fernando Borges, um dos maiores empreendedores do ramo agro-pecuário em Angola, morreu quinta-feira, na cidade do Lubango, província da Huíla, vítima de doença.
Fernando Borges, que faleceu no hospital Cristo Rei, no Lubango, com mais de 80 anos de idade, foi membro fundador da Associação agro-pecuária, Comercial e Industrial da Huíla e proprietário das fábricas de leite e das águas da Chela.
Em declarações à imprensa o presidente da Associação Industrial Angolana, José Severino, lamentou a morte e considerou como uma perda irreparável.
CÓDIGO DE CONDUTA ELEITORAL: COMO PASSAR DA TEORIA A PRÁTICA?

A maior parte dos angolanos está a pensar seriamente na realização condigna das eleições em Angola este ano de 2008. todas as pessoas, esperam que o pleito para escolha do parlamento venha a ser seguro e sem ameaças. Tranquilo e digno dos cidadãos que pretendem votar.
Entretanto surgem no caminho alguns receios. Os cidadãos pretendem que os políticos façam a sua parte e que não incendeiem as mentes de quem estará a receber as mensagens para votar.
O código de Conduta Eleitoral tem por finalidade regular os procedimentos a serem adoptados na altura da campanha eleitoral para que se possa coibir os candidatos a manipularem a seu bel prazer as mentes dos eleitores.
Cá entre nós, o presente código de conduta eleitoral estabelece os princípios e as regras de conduta dos agentes eleitorais. Sendo assim os agentes eleitorais devem observar os princípios de respeito pela diferença, liberdade de escolha, direito de reunião e manifestação, legalidade, tranquilidade, imparcialidade, transparência, isenção, civismo e responsabilidade.
Esses são detalhes que resguardam a realização de eleições livres e justas. Sendo assim, o que é que tem sido feito para salvaguardar tais valores na sociedade actual? O que é que os agentes têm feito para a divulgação do código de conduta eleitoral?
Na recém terminada Assembleia dos Bispos de Angola, os prelados foram peremptórios em tratar da questão das eleições com muita responsabilidade, pedindo o que chamaram o voto de qualidade, pedindo igualmente a necessidade de haver muito mais informação para o interior de Angola.
No código angolano, pede-se a garantia Constitucional e legal de liberdade e respeito do direito dos cidadãos. Será que são respeitados? Solicita-se um ambiente conducente a realização de eleições livres, justas, transparentes, pacíficas e democráticas. O que é que está a ser feito para criar tal Clima?
Pede-se a existência de cadernos eleitorais actualizados e acessíveis aos eleitores, na divulgação oportuna da data das eleições, financiamento transparente e com base nos limites estabelecidos por lei, a localização de Assembleias de voto em espaços neutros e tantos outros.
O nosso objectivo é buscar contribuições, para que se encontrem vários caminhos para os angolanos desfrutarem das eleições de maneira sadia e sem problemas. É ou não necessária a divulgação diária do código de Conduta eleitoral?
JPINTO
Á LUZ DAS CONQUISTAS DO DESPORTO: COMO INCENTIVAR E VALORIZAR TÉCNICOS NACIONAIS E OS PRATICANTES DE VARIAS MODALIDADES?

O desporto, tal como outras áreas da vida nacional, tem trazido aos angolanos aquilo que muitos músicos optaram por chamar de “ pintar com as cores brancas da paz” os caminhos do desenvolvimento de Angola. O país “despiu” a guerra para “vestir “ a paz, e o desporto, também, acompanha esta nova marcha.
Gente com têmpera, com sentimentos nacionais acima de tudo vão ás quadras, aos estádios e os ringues lutar com a força física, a técnica e a táctica para engrandecer o nome deste admirável país.
Se por um lado, há o desenvolvimento nos últimos tempos do desporto nacional com sucessos atrás de sucessos a valorização dos homens e mulheres que trabalham para estes feitos vem ao de cima.
É ponto assente que os técnicos nacionais e os praticamente das varias modalidades, necessitam de incentivos, ao mais alto nível e mesmo nas bases de apoio directo, clubes e federações. Como tem sido este apoio?
Falar de apoios aos quadros desportivos nacionais parece recorrente, pois num passado recente esteve em alta na imprensa questões como as disparidades salariais entre nacionais e estrangeiros especialmente nos ramos petrolífero e diamantífero.
Os estrangeiros, segundo as informações, levavam para casa e para os seus países milhares e milhares de dólares ano, quando os nacionais (muitas vezes com experiência e competência comprovadas) se contentam com migalhas salariais. Muita gente, não se coibia em dizer que os estrangeiros quando franqueavam as portas de Angola tinham a certeza de que a riqueza estava a vista. Será o mesmo para o desporto?
No andebol, um técnico angolano trouxe recentemente alegria. No futebol, os feitos são por demais conhecidos: Oliveira Gonçalves foi alvo de muitas manifestações de apoio depois da passagem de Angola aos quartos de final do último CAN.
O técnico angolano foi o primeiro a levar os sub 20 ao mundial realizado no sul de América há alguns anos. No basquetebol o trabalho de continuidade faz de Angola o papão em África.
Mas, são os homens e mulheres do desporto suficientemente acarinhados e valorizados?
Sem descorar o apoio de quadros estrangeiros urge a necessidade de se olhar os fazedores do nosso desporto. Tem o estado em vista, por exemplo a constituição de um fundo de reforma para os atletas? O que se faz com os jogadores que terminam de maneira abrupta as suas carreiras devido a lesões, por exemplo?
Entre os escalões de formação e a alta competição: tem havido preocupação para a formação das bases que poderão garantir mais qualidade as varias modalidades?
terça-feira, fevereiro 12, 2008
Anos!
sábado, fevereiro 09, 2008
O meu Lubango, pois claro!

Normalmente é incondicional o nosso amor a terra que nos viu nascer. talvez por isso, e as vezes remando contra a maré da vida, procuramos saber de tudo e de todos que se referem, bem ou mal, ao tal local de nascença.
Pode parecer tardio, mais é com essa, rápida, justificação que declaro que neste blog a Huíla, terra linda, terá sempre um lugar. Vamos, neste espaço, cogitar, reflectir, questionar, procurar obter mais informação ou noticias sobre esta província do sul do país, que dá pelo nome de Huíla.
A Huíla, com os seus 14 municípios um sem numero de comunas e centenas de povoações remotas e escondidas.
A Huíla, com os seus encantos - que bem aproveitamos para conhecer e apreciar- as suas desgraças, os seus mitos, as tradições e a governação. Um espaço de intervenção, quiçá debate sobre os " huilanos de gema".
Um espaço de homenagem à aqueles que com o seu vigor, as suas ideias, longe do compadrio, erguem a Huíla e lutam todos os dias para que seja um bom lugar para se viver.
Intervenha, pois a Huíla, o Lubango e não só, precisa de nós.
Tundavala,mais uma vez!
Angola, Tundavala!
É como voar sem tirar os pés do chão. É uma vertigem e uma emoção. É esmagador, mete medo. É o fim do Mundo. Para se chegar ao abismo da Tundavala, é preciso fazer cerca de 15 quilómetros por estradas de terra batida desde a cidade do Lubango. Acho que não há quem não os faça. Ir ao Lubango e não ir à Tundavala, é pior que ir a Roma e não ver o Papa.
Só lá estive uma vez, em 1986. Fui ao Lubango com o Paulo Dentinho. Lá fizemos parte de três episódios da série “Os Que Não Voltaram”, que a RTP exibiu no ano seguinte, se a memória não me falha. Naquele tempo, viajar em Angola era uma aventura. A guerra retalhou o país e viajava-se como se Angola fosse um arquipélago. Cada cidade, uma ilha.
Para ir de ilha em ilha, só de avião ou integrado em colunas militares. Essa viagem foi feita, como já antes expliquei aqui, sob escuta e escolta de diligentes funcionários públicos angolanos. De modo que, quando fomos levados à Tundavala por um dos portugueses que viviam no Lubango (um dos tais que não voltaram), ele chamou-nos a atenção, disfarçadamente, para o chão.
Era um terreno arenoso, de areia clara. Enterrou a biqueira do sapato e, lentamente, trouxe à superfície uma cápsula de bala de kalashnikov. Durante o resto do tempo que passámos ali, eu e o Paulo dedicámo-nos a desenterrar mais cápsulas, disfarçadamente. Eram muitas. Eram a evidência dos fuzilamentos que se fizeram ali, à beira daquele precipício. Já nos tinham dito que, lá em baixo, no fundo da ravina com mais de mil metros, estavam muitos corpos de vítimas da violência política. Tínhamos duvidado mas, a partir daquele dia, passámos a acreditar.
Por Carlos Narciso
Seca em Angola
A Seca afecta Benguela, Huíla, Namibe, Kwanza-Sul, Cunene e Kuando Kubango. Há notícias de que a O Uige também vê as culturas de mandioca afectadas. As actuais colheitas estão integralmente, ou quase, comprometidas.
Essas noticias, divulgadas nas ultimas semanas pela imprensa nacional, levaram os cidadãos á reflexão sobre a segurança alimentar em Angola, á prática da agricultura de subsistência – base da sobrevivência rural em Angola – as formas de melhorar a vida no campo e consequentemente a alimentação dos milhões de populares que vivem fora dos centros urbanos, em princípio, e depois abastecer as cidades.
A estiagem teve os primeiros sinais lançados no segundo semestre do ano passado, logo no reinício da época de chuvas no país. Culturas de milho, massango, massambala e outros cereais ficaram prejudicadas tanto no seu cultivo, como no seu crescimento.
Em outras áreas ficaram perdidas quase na totalidade, entre outras, as culturas de milho, feijão, massango, batata e algumas frutas.
O clima de fome pairava no ar e a vida das comunidades era enevoada de incertezas. Infelizmente esta incerteza tornou-se um dos problemas actuais de protecção civil dos angolanos.
Na procura de soluções algumas Organizações Não-Governamentais, por exemplo, apelam ao governo a trabalhar no sector da segurança alimentar nas províncias afectadas pela seca. Será uma acção em coordenação com as autoridades locais ou estabelecidas a partir de Luanda? As comissões ad hoc, inter provinciais e o serviço de abastecimento de bens essenciais as populações não poderiam se converter numa frente para levar ás populações a ajuda de que precisam hoje?
O governo foi alertado inclusive para que crie com urgência um programa de ajuda alimentar para fazer face ao cenário de crise em curso. Será isso possível? São necessários os perfis de organizações não governamentais para levar ao interior o calor a quem sofre?
O apelo das ONG insere ainda um alerta relacionado com o perigo de as famílias camponesas usarem como alimento, em desespero, as sementes distribuídas pelo governo para serem tentadas novas colheitas caso venha a chover normalmente no país.
Tal como, advertem as ONG, pode estar comprometida a subsistência alimentar de milhares de camponeses se não houver uma alteração significativa das condições actuais.
Para alem de olharmos para as causas da estiagem em certas zonas do país e a prevenção das suas eventuais consequências é importante olhar para as formas de se ultrapassar as notáveis consequências que a falta de chuvas trouxe para a vida dos angolanos.
Mas ressaltemos, que nas últimas horas em algumas localidades a chuva deu o ar da sua graça……
LUANDA

No seu aniversario, dirigido a uma reflexão séria sobre a sua existência, os discursos oficiais e a voz popular, mais uma vez coincidiram, urge a necessidade de se pensar e implementar um " plano director condigno" para a modernização urbana da cidade, preservando, também o valor arquitectónico que alguns edifícios, especialmente na baixa, conservam.
Em que pé anda o plano de requalificação urbana de municípios, como o Sambizanga, que é marcado por musseques, alguns dos quais com mais de trinta anos de existência. Tal como no resto de Luanda, em alguns casos se vê o musseque, do bairro, e imponentes residências a beira-mar que custam milhares e milhares de dólares, construídas em betão, afectando o ambiente, alterando o eco sistema marinho nas praias, especialmente a sul de Luanda.
É desejoso observar uma cidade em condições, melhor para se viver, com arruamentos definidos, espaços verdes e de lazer junto das habitações, onde o trânsito caótico seja desafogado, por vias alternativas, sem sarjetas ou amontoados de lixo a impedirem a livre movimentação de pessoas e meios.
Mas a realidade é outra. No consolado do ora exonerado governador Job Capapinha, nunca se viram tantas demolições! O combate ao lixo foi uma das suas batalhas. A ideia de dar condições condignas a população não passou de promessa e a batalha visivelmente não foi vencida. Capapinha deixa a gestão de Luanda quase igual a que a encontrou, ou, talvez, ligeiramente mais degradada.
Será que com uma governadora interina e uma espécie de reforçada comissão de gestão para esta estratégica província e lançado um sinal de esperança renovada para os seus habitantes? Será uma comissão ou gabinete de intervenção a estrutura acertada para gerir Luanda?
No recente aniversário de Luanda, passou também pela cabeça das pessoas as constantes demolições, sendo que as famílias realojadas nem sempre encontram condições condignas para viver nas zonas de acolhimento.
Foi assim com o pessoal retirado da Chicala, que localizados agora algures por Viana e Kilamba Kiaxi, vivem dias negros. Sem luz, sem escolas muitas vezes próximas para as crianças, sem acesso rápido á saúde pública, resta a essas famílias uma espécie de " clamor no deserto " da difícil vida por que passam.
Áreas como Kambamba I e II, Bonde Xape, Iraque, Nova Vida, zona verde e kms trinta ou 44 em Viana entre outras, passam sempre nos noticiários das rádios privadas e na boca dos populares, pois há muito entraram para o complicado "mapa" das demolições em Luanda.
Recentemente foi na zona da Boavista, numa acção que resultou num incidente em que militares da Unidade de Guarda Presidencial, mandatados para o local, recorreram as suas armas para reter, mais uma vez, jornalistas da Ecclesia que por sua vez foram ao terreno ouvir os clamores dos populares, que viram os seus " casebres " deitados abaixo.
Se por um lado, há a necessidade de se modernizar a cidade, por outro lado, como está a ser feito realojamento das famílias. O que dizer das condições de acolhimento em áreas remotas como Panguila e Zango.
Como levar a essas zonas condições básicas para o cidadão viver. Daqui para a frente, as expropriações por interesse público serão seguidas de indemnizações justas ou realojamentos em condições.
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